São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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EUA

Maryland, onde houve 6 das 10 mortes perto de Washington, deve ser o primeiro a pedi-la, mas não quer executar o menor de idade

Estados querem pena de morte a atiradores

DA REDAÇÃO

Promotores de Maryland afirmaram ontem que acusarão os dois suspeitos de cometer os crimes na área de Washington desde o dia 2 de homicídio doloso pelas seis mortes ocorridas no Estado e pedirão a pena de morte no caso de John Allen Muhammad, 41.
O procurador estadual Douglas Gansler indicou que a Promotoria não vai pedir a pena de morte no caso de John Lee Malvo, 17, detido junto com Muhammad, por ele ser menor de idade.
"Não sentimos que a pena de morte seja apropriada para menores", disse Gansler.
O Estado será o primeiro a acusar formalmente os suspeitos pelos ataques na região de Washington que deixaram dez mortos e três feridos em Maryland, Virgínia e na capital dos EUA.
Autoridades no Alabama acusaram ontem Muhammad e Malvo de homicídio e tentativa de homicídio no caso de um roubo em setembro que deixou uma mulher morta e outra ferida diante de uma loja de bebidas em Montgomery (Alabama) e disseram que iriam pedir a pena de morte.
"Queremos enviar uma mensagem muito forte de que esse não é o tipo de conduta que esperamos em uma sociedade civilizada", disse o chefe da polícia de Montgomery, John Wilson. "Vamos usar alguém como exemplo."
Gansler anunciou os planos depois de uma reunião com promotores dos locais onde as mortes ocorreram. Ele disse que todas as jurisdições têm interesse no caso, mas que o Condado de Montgomery foi "a comunidade mais afetada e mais atingida pelos ataques". Seis das mortes ocorreram em Maryland -todas no Condado de Montgomery-, três na Virgínia e uma em Washington.
"Os promotores envolvidos na investigação permanecem unidos na causa de assegurar que justiça seja feita, que esses homens sejam responsabilizados pelos atos que supostamente cometeram", disse.
Mais cedo, o governador da Virgínia, Mark Warner, dissera: "Esse claramente é um caso em que a pena de morte é apropriada".
A pena capital é adotada tanto no Estado da Virgínia quanto no de Maryland, mas, no último, menores não podem ser condenados à morte. As leis da Virgínia oferecem mais instâncias nas quais a pena pode ser aplicada, incluindo uma adotada após 11 de setembro que permite execuções quando o assassino "teve a intenção de intimidar a população civil".
A Virgínia executou 86 pessoas desde que a pena de morte foi readotada nos EUA, em 1976, mais do que em qualquer outro Estado, fora o Texas. No mesmo período, o Alabama executou 23. Houve apenas três execuções em Maryland, que, em maio último, suspendera todas as execuções sob uma moratória imposta por seu governador.
Mas, antes das declarações de Gansler, o governador de Maryland, Parris Glendening, já dissera que esse caso dava margem a que a pena de morte fosse imposta.
"Não há nenhuma dúvida de que esse é o tipo de incidente para o qual essa lei foi escrita", disse Glendening, que afirmou que a moratória seria suspensa quando o caso fosse concluído.
O Distrito de Colúmbia (DC), do qual Washington faz parte, não adota a pena de morte, mas, se o assassinato na capital for considerado um caso federal, ela poderá ser aplicada.
Muhammad e Malvo foram presos na madrugada de anteontem enquanto dormiam em seu carro em uma área de descanso de uma estrada de Maryland. Um fuzil semi-automático Bushmaster encontrado no carro foi depois confirmado por análises forenses como sendo a arma utilizada nos ataques na região de Washington.

Alívio
Ontem, pela primeira vez em três semanas, crianças brincavam ao ar livre na área, e o de alívio parecia substituir a ansiedade.
"Todos nós estamos suspirando de alívio", disse o superintendente das escolas do Condado de Montgomery, Jerry Weast. Do outro lado do rio Potomac, no Condado de Fairfax, o superintendente escolar Daniel Domenech escreveu em uma carta aos pais: "Estamos muito gratos por esse período difícil ter acabado".


Com agências internacionais



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