São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

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Sem emprego, resta aos palestinos agricultura em espaço delimitado

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DA CISJORDÂNIA

A situação dos agricultores palestinos foi retratada recentemente pelo filme "Lemon Tree", que estreou no Brasil no dia 8 de agosto e continua em cartaz em alguns cinemas. Na película, é contada a história de uma viúva palestina que apela à Suprema Corte de Israel para que seus limoeiros não sejam derrubados pelo Exército.
Semelhante ao retratado no cinema é o impasse vivido por Sami Nimr Gheit, morador de Wadi al Ghrouz. Os damascos de Gheit já estão maduros, mas ele não pode começar a colheita -as árvores frutíferas estão localizadas em um cinturão de proteção em torno de um assentamento israelense, o que significa que o acesso a elas é proibido para garantir a segurança dos colonos.
Hoje, Gheit assiste às suas frutas apodrecerem ou serem colhidas por colonos israelenses. Parece cansado. "O que você faria se retirassem a sua terra? Ficaria louco. Foi o que fizeram comigo", desabafa. Gheit foi um dos 75 palestinos escolhidos pela Cruz Vermelha para receber cinco colméias e o treinamento necessário para criar abelhas. Os insetos, que não estão sujeitos a restrições de movimento, alimentam-se do néctar das frutas que ele não pode colher.

Colheita árdua
A agricultura é hoje uma das únicas possibilidades de renda para os palestinos que moram na Cisjordânia. Segundo relatório publicado em 2007 pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, 90% dos palestinos que trabalhavam em Israel perderam seus empregos após o começo da segunda Intifada, revolta iniciada após o fracasso da última tentativa de paz entre os dois lados, em 2000.
As colheitas, porém, nem sempre acontecem de maneira pacífica. Na última quarta-feira, colonos israelenses vestindo máscaras agrediram os soldados que protegiam os fazendeiros palestinos, ocupados na colheita dos frutos de suas oliveiras em uma região próxima ao assentamento de Otniel, no sudeste de Hebron. (DB)


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