São Paulo, segunda-feira, 26 de outubro de 2009

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Voto a partir do exterior é negado, indica sondagem

DA ENVIADA A MONTEVIDÉU

A autorização ao voto por correspondência foi submetida a plebiscito ontem, no Uruguai, em paralelo à eleição presidencial. Segundo boca de urna, a proposta havia sido rejeitada pelos eleitores -apenas 36% de favoráveis, menos dos 50% necessários para a aprovação.
Assim como no caso da lei de anistia, o assunto dividiu a opinião pública e opôs os dois candidatos mais cotados à Presidência, José Mujica, da Frente Ampla, que fez campanha pela aprovação da norma, e Luis Alberto Lacalle, do Partido Nacional, que foi contra.
Estima-se que entre 500 mil e 700 mil eleitores uruguaios vivam atualmente no exterior, dos quais um terço na Argentina. Segundo a Corte Eleitoral uruguaia, há 2,5 milhões de eleitores cadastrados no país.
Para Lacalle, a adesão de Mujica ao voto por correspondência teve claro interesse eleitoral, já que a maioria dos uruguaios radicados no exterior teria afinidade com a esquerda e seria eleitora da Frente Ampla.
Mujica negou propósito eleitoreiro. De acordo com ele, os uruguaios que deixaram o país "ou são exilados econômicos ou são exilados políticos que terminaram fincando raízes e não voltaram". Disse que permitir-lhes continuar decidindo sobre os destinos de seu país é um princípio da democracia. Lacalle defendeu não ser "justo que vote quem não sofrerá as consequências do governo eleito".
A chegada de uruguaios vindos da Argentina para a eleição foi massiva. Operaram com máxima capacidade os barcos da empresa Búquebus, que faz os trechos Buenos Aires-Colonia e Buenos Aires-Montevidéu. O ingresso por terra foi dificultado pelo bloqueio da ponte de Gualeguaychú, promovido por manifestantes argentinos contra a instalação de uma fábrica finlandesa de celulose.
Para incentivar os uruguaios a votar, a Argentina concede dois dias de folga do trabalho aos residentes no país.
Em setembro passado, Mujica promoveu um show no estádio Luna Park, em Buenos Aires, para arrecadar fundos destinados à compra de passagens aos eleitores uruguaios de baixa renda residentes no vizinho.
Na ocasião, pediu aos espectadores que fossem votar e disse: "Viemos porque não podemos nos dar o luxo da miséria nem estamos dispostos a deixar que se rompam os laços com uma parte do nosso sangue".
Radicado na Argentina desde os seis anos de idade, o uruguaio Walter Meneses, 33, chegou ontem a Montevidéu para votar, como faz a cada eleição. Questionado sobre a campanha, disse: "Não vi nada. Sempre voto na Frente Ampla, por questão de família e tradição".


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