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Voto a partir do exterior é negado, indica sondagem
DA ENVIADA A MONTEVIDÉU
A autorização ao voto por
correspondência foi submetida
a plebiscito ontem, no Uruguai,
em paralelo à eleição presidencial. Segundo boca de urna, a
proposta havia sido rejeitada
pelos eleitores -apenas 36% de
favoráveis, menos dos 50% necessários para a aprovação.
Assim como no caso da lei de
anistia, o assunto dividiu a opinião pública e opôs os dois candidatos mais cotados à Presidência, José Mujica, da Frente
Ampla, que fez campanha pela
aprovação da norma, e Luis Alberto Lacalle, do Partido Nacional, que foi contra.
Estima-se que entre 500 mil
e 700 mil eleitores uruguaios
vivam atualmente no exterior,
dos quais um terço na Argentina. Segundo a Corte Eleitoral
uruguaia, há 2,5 milhões de
eleitores cadastrados no país.
Para Lacalle, a adesão de Mujica ao voto por correspondência teve claro interesse eleitoral, já que a maioria dos uruguaios radicados no exterior teria afinidade com a esquerda e
seria eleitora da Frente Ampla.
Mujica negou propósito eleitoreiro. De acordo com ele, os
uruguaios que deixaram o país
"ou são exilados econômicos ou
são exilados políticos que terminaram fincando raízes e não
voltaram". Disse que permitir-lhes continuar decidindo sobre
os destinos de seu país é um
princípio da democracia. Lacalle defendeu não ser "justo que
vote quem não sofrerá as consequências do governo eleito".
A chegada de uruguaios vindos da Argentina para a eleição
foi massiva. Operaram com
máxima capacidade os barcos
da empresa Búquebus, que faz
os trechos Buenos Aires-Colonia e Buenos Aires-Montevidéu. O ingresso por terra foi dificultado pelo bloqueio da ponte de Gualeguaychú, promovido por manifestantes argentinos contra a instalação de uma
fábrica finlandesa de celulose.
Para incentivar os uruguaios
a votar, a Argentina concede
dois dias de folga do trabalho
aos residentes no país.
Em setembro passado, Mujica promoveu um show no estádio Luna Park, em Buenos Aires, para arrecadar fundos destinados à compra de passagens
aos eleitores uruguaios de baixa renda residentes no vizinho.
Na ocasião, pediu aos espectadores que fossem votar e disse: "Viemos porque não podemos nos dar o luxo da miséria
nem estamos dispostos a deixar
que se rompam os laços com
uma parte do nosso sangue".
Radicado na Argentina desde
os seis anos de idade, o uruguaio Walter Meneses, 33, chegou ontem a Montevidéu para
votar, como faz a cada eleição.
Questionado sobre a campanha, disse: "Não vi nada. Sempre voto na Frente Ampla, por
questão de família e tradição".
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