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ÁSIA
Musharraf culpa extremistas islâmicos por atentado realizado por dois suicidas que matou 12 pessoas e atingiu carro presidencial
Ditador paquistanês sobrevive a 2º ataque em 11 dias
DA REDAÇÃO
Dois terroristas suicidas explodiram seus carros ontem momentos antes da passagem da comitiva do ditador paquistanês, Pervez
Musharraf, em rua de Rawalpindi
(norte), na segunda tentativa de
assassinato contra ele em 11 dias.
O carro do presidente foi danificado, mas ele não se feriu. Os terroristas mataram ao menos 12
pessoas e feriram 46.
O ataque ocorreu um dia depois
de Musharraf concordar em renunciar ao posto de comandante
das Forças Armadas até o final de
2004, uma exigência de grupos islâmicos no Parlamento.
Musharraf apareceu na TV estatal horas após o ataque e prometeu intensificar o combate a extremistas muçulmanos, que ele chamou de "inimigos do islã e do Paquistão". "Seguiremos lutando
contra o terrorismo. É minha
missão levar o país adiante. Minha fé foi fortalecida. Acabaremos
com o extremismo", disse ele.
O general Shaukat Sultan, porta-voz do Exército, disse que dois
homens-bomba detonaram explosivos escondidos em picapes
no momento em que a comitiva
passava perto de dois postos de
gasolina em uma importante estrada para Rawalpindi, perto de
Islamabad, a capital.
O ataque gerou sérias preocupações quanto à segurança de
Musharraf. Ocorreu a poucas
centenas de metros do ponto em
que uma grande bomba foi detonada em 14 de dezembro, em um
atentado do qual o presidente escapou por pouco -e apenas dez
dias antes de uma conferência de
cúpula de seis líderes do sul da
Ásia que se realizará em Islamabad, a cerca de 15 km do local dos
atentados, e da qual participará o
premiê da Índia, a maior rival do
Paquistão.
O ministro da Informação, Rashid Ahmed, disse que o pára-brisas da limusine blindada de Musharraf foi danificado e que um
carro no final da comitiva sofreu
sérios danos, mas o veículo do
presidente conseguiu continuar
em seu caminho.
A estrada na qual ocorreu o ataque é usada quase todos os dias
por Musharraf, quando viaja de
sua residência em Rawalpindi para seu escritório presidencial em
Islamabad. Rawalpindi abriga o
quartel-general do Exército e até
recentemente era vista como uma
das cidades mais seguras do país.
"Aparentemente, um grupo organizado está perseguindo o presidente. O sistema de segurança
entrou em completo colapso",
disse o senador Syed Mushahid
Hussain, do partido governista.
Musharraf, que já foi alvo de pelo menos três atentados suicidas
desde que assumiu o poder em
um golpe sem derramamento de
sangue, em 1999, irritou muitos
grupos islâmicos ao decidir
apoiar a guerra dos EUA contra o
vizinho Afeganistão, depois do 11
de Setembro. O Paquistão era um
dos principais aliados do regime
extremista islâmico do Taleban
no Afeganistão e hoje é um dos
maiores aliados dos EUA na guerra ao terrorismo.
Acredita-se que extremistas estejam por trás dos ataques contra
Musharraf, que baniu partidos islâmicos neste ano. Funcionários
do governo especularam que a Al
Qaeda talvez possa ter participado do primeiro atentado, mais sofisticado que o de ontem.
O novo ataque ocorreu um dia
depois que Musharraf concordou
em renunciar ao comando do
Exército até o final de 2004, pondo
fim ao impasse político que vinha
paralisando o Parlamento, dominado por grupos islâmicos, e retardando a volta da democracia.
Sob o acordo fechado com uma
coalizão de partidos da linha dura
islâmica, Musharraf continuaria
na Presidência, mas renunciaria
ao comando militar. Ele também
concordou em reduzir alguns dos
poderes extraordinários que se
atribuiu ao assumir o poder.
Com agências internacionais
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