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São Paulo, sexta-feira, 26 de dezembro de 2003

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ÁSIA

Musharraf culpa extremistas islâmicos por atentado realizado por dois suicidas que matou 12 pessoas e atingiu carro presidencial

Ditador paquistanês sobrevive a 2º ataque em 11 dias

DA REDAÇÃO

Dois terroristas suicidas explodiram seus carros ontem momentos antes da passagem da comitiva do ditador paquistanês, Pervez Musharraf, em rua de Rawalpindi (norte), na segunda tentativa de assassinato contra ele em 11 dias. O carro do presidente foi danificado, mas ele não se feriu. Os terroristas mataram ao menos 12 pessoas e feriram 46.
O ataque ocorreu um dia depois de Musharraf concordar em renunciar ao posto de comandante das Forças Armadas até o final de 2004, uma exigência de grupos islâmicos no Parlamento.
Musharraf apareceu na TV estatal horas após o ataque e prometeu intensificar o combate a extremistas muçulmanos, que ele chamou de "inimigos do islã e do Paquistão". "Seguiremos lutando contra o terrorismo. É minha missão levar o país adiante. Minha fé foi fortalecida. Acabaremos com o extremismo", disse ele.
O general Shaukat Sultan, porta-voz do Exército, disse que dois homens-bomba detonaram explosivos escondidos em picapes no momento em que a comitiva passava perto de dois postos de gasolina em uma importante estrada para Rawalpindi, perto de Islamabad, a capital.
O ataque gerou sérias preocupações quanto à segurança de Musharraf. Ocorreu a poucas centenas de metros do ponto em que uma grande bomba foi detonada em 14 de dezembro, em um atentado do qual o presidente escapou por pouco -e apenas dez dias antes de uma conferência de cúpula de seis líderes do sul da Ásia que se realizará em Islamabad, a cerca de 15 km do local dos atentados, e da qual participará o premiê da Índia, a maior rival do Paquistão.
O ministro da Informação, Rashid Ahmed, disse que o pára-brisas da limusine blindada de Musharraf foi danificado e que um carro no final da comitiva sofreu sérios danos, mas o veículo do presidente conseguiu continuar em seu caminho.
A estrada na qual ocorreu o ataque é usada quase todos os dias por Musharraf, quando viaja de sua residência em Rawalpindi para seu escritório presidencial em Islamabad. Rawalpindi abriga o quartel-general do Exército e até recentemente era vista como uma das cidades mais seguras do país.
"Aparentemente, um grupo organizado está perseguindo o presidente. O sistema de segurança entrou em completo colapso", disse o senador Syed Mushahid Hussain, do partido governista.
Musharraf, que já foi alvo de pelo menos três atentados suicidas desde que assumiu o poder em um golpe sem derramamento de sangue, em 1999, irritou muitos grupos islâmicos ao decidir apoiar a guerra dos EUA contra o vizinho Afeganistão, depois do 11 de Setembro. O Paquistão era um dos principais aliados do regime extremista islâmico do Taleban no Afeganistão e hoje é um dos maiores aliados dos EUA na guerra ao terrorismo.
Acredita-se que extremistas estejam por trás dos ataques contra Musharraf, que baniu partidos islâmicos neste ano. Funcionários do governo especularam que a Al Qaeda talvez possa ter participado do primeiro atentado, mais sofisticado que o de ontem.
O novo ataque ocorreu um dia depois que Musharraf concordou em renunciar ao comando do Exército até o final de 2004, pondo fim ao impasse político que vinha paralisando o Parlamento, dominado por grupos islâmicos, e retardando a volta da democracia.
Sob o acordo fechado com uma coalizão de partidos da linha dura islâmica, Musharraf continuaria na Presidência, mas renunciaria ao comando militar. Ele também concordou em reduzir alguns dos poderes extraordinários que se atribuiu ao assumir o poder.


Com agências internacionais


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