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Estrangeiros
ganham chance
de interferir
DE PARIS
Os estrangeiros residentes
em Paris terão a partir de
agora a possibilidade de se
expressarem oficialmente e
reivindicarem direitos no
governo municipal, por
meio do Conselho da Cidadania, criado neste mês pelo
prefeito Bertrand Delanoë.
A iniciativa é inédita e reunirá 90 representantes de 36
países -entre eles, o Brasil.
A representante brasileira
é a jornalista Nina Chavs, ex-correspondente de "O Globo" na capital francesa e famosa colunista social nos
anos 70. Ela mora em Paris
desde 1971 e, atualmente, é
diretora da Galeria Debret,
estabelecimento do Ministério das Relações Exteriores
para a divulgação de artistas
plásticos brasileiros.
Vivem em Paris 308.266
estrangeiros (14% da população). Todos aqueles que
são originários de países da
União Européia (UE) têm
direito de voto nas eleições
locais, garantido por uma lei
de 1998. Cerca de 170 mil são
estrangeiros maiores de 20
anos nascidos em países não
pertencentes à UE e que,
portanto, não têm nenhuma
forma de representação política na cidade -a maior
parte deles de ex-colônias,
como Argélia e Marrocos.
"Sou favorável ao direito
de votos de estrangeiros nas
eleições locais e lamento que
os não-membros da União
Européia que vivem em Paris, que pagam seus impostos em Paris, não tenham direito de voto", disse à Folha
o prefeito Delanoë.
O conselho terá "poder
consultivo sobre todos os assuntos da cidade", segundo
ele. Seu orçamento anual é
de 106 mil (cerca de R$ 217
mil).
Para Khadidja Bourcart,
adjunta de Delanoë para assuntos de integração, o conselho poderá interpelar a
prefeitura sobre todas as
questões de ordem municipal. "É um conselho consultivo, mas não se deve tomá-lo no sentido pejorativo,
pois eles vão nos ajudar a tomar decisões", afirmou. Segundo Bourcart, o nome da
brasileira já estava na sua lista de candidaturas.
Amanhã, ela participa da
primeira reunião do Conselho da Cidadania, quando
serão decididos os grupos de
trabalho. "Quero ver se entro na área cultural, porque
esse negócio de habitação,
de social, não faz muito a minha cabeça. Quero fazer o
Brasil se representar melhor
aqui na cultura", diz ela.
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