São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2002

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Estrangeiros ganham chance de interferir

DE PARIS

Os estrangeiros residentes em Paris terão a partir de agora a possibilidade de se expressarem oficialmente e reivindicarem direitos no governo municipal, por meio do Conselho da Cidadania, criado neste mês pelo prefeito Bertrand Delanoë. A iniciativa é inédita e reunirá 90 representantes de 36 países -entre eles, o Brasil.
A representante brasileira é a jornalista Nina Chavs, ex-correspondente de "O Globo" na capital francesa e famosa colunista social nos anos 70. Ela mora em Paris desde 1971 e, atualmente, é diretora da Galeria Debret, estabelecimento do Ministério das Relações Exteriores para a divulgação de artistas plásticos brasileiros.
Vivem em Paris 308.266 estrangeiros (14% da população). Todos aqueles que são originários de países da União Européia (UE) têm direito de voto nas eleições locais, garantido por uma lei de 1998. Cerca de 170 mil são estrangeiros maiores de 20 anos nascidos em países não pertencentes à UE e que, portanto, não têm nenhuma forma de representação política na cidade -a maior parte deles de ex-colônias, como Argélia e Marrocos.
"Sou favorável ao direito de votos de estrangeiros nas eleições locais e lamento que os não-membros da União Européia que vivem em Paris, que pagam seus impostos em Paris, não tenham direito de voto", disse à Folha o prefeito Delanoë.
O conselho terá "poder consultivo sobre todos os assuntos da cidade", segundo ele. Seu orçamento anual é de 106 mil (cerca de R$ 217 mil).
Para Khadidja Bourcart, adjunta de Delanoë para assuntos de integração, o conselho poderá interpelar a prefeitura sobre todas as questões de ordem municipal. "É um conselho consultivo, mas não se deve tomá-lo no sentido pejorativo, pois eles vão nos ajudar a tomar decisões", afirmou. Segundo Bourcart, o nome da brasileira já estava na sua lista de candidaturas.
Amanhã, ela participa da primeira reunião do Conselho da Cidadania, quando serão decididos os grupos de trabalho. "Quero ver se entro na área cultural, porque esse negócio de habitação, de social, não faz muito a minha cabeça. Quero fazer o Brasil se representar melhor aqui na cultura", diz ela.


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