São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

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CHOQUE NO ORIENTE MÉDIO

Premiê israelense faz reunião de emergência com o gabinete; ministro da Defesa diz que plano de paz americano é ainda atual

Israel não negociará com Hamas armado

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro interino israelense, Ehud Olmert, publicou ontem à noite comunicado em que afirma que seu país "não negociará com um governo palestino, caso ele seja em parte formado por uma organização terrorista armada, que defende a destruição de Israel".
O texto foi publicado depois de encontro de emergência do gabinete israelense, que discutiu por três horas as possíveis conseqüências da vitória do Hamas nas eleições parlamentares palestinas.
O ministro da Defesa, Shaul Mofaz, um dos participantes da reunião, disse que Israel insistirá com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, para que ele cumpra o compromisso de desarmar as organizações terroristas palestinas.
Mofaz também disse que o plano de paz patrocinado pelos Estados Unidos continua a ser "o único caminho existente".
Por meio dessas duas reações oficiais, a do premiê e a do ministro da Defesa, o governo israelense foi firme, mas, ao mesmo tempo, deixou uma porta diplomática entreaberta. Negociará a paz se Abbas desarmar o Hamas e este reconhecer o Estado de Israel.
Esse roteiro não foi ontem, porém, o mais evocado. A vitória eleitoral do Hamas fortalecerá em Israel aqueles que acreditam não ter um interlocutor palestino para negociar e encorajará o prosseguimento de iniciativas unilaterais, disse o cientista político Yossi Alpher, à Associated Press.
O líder do Partido Trabalhista, Amir Peretz, fez discurso na mesma linha. A seu ver, a tendência é optar pelo unilateralismo.
Os trabalhistas são aliados em potencial do Kadima, caso este encabece as votações nas legislativas de março. O partido foi criado por Ariel Sharon, inconsciente desde o derrame que teve em 4 de janeiro último.
Pelo unilateralismo, o governo israelense poderia traçar uma nova fronteira na Cisjordânia, sem consultar a Autoridade Nacional Palestina. A retirada de Gaza por Sharon também foi unilateral.
O ex-premiê Benyamin Netanyahu, líder do Likud e adversário de negociações com os palestinos, disse que a vitória do Hamas se devia à retirada de Gaza, à qual ele se opôs. Sem a presença israelense, argumentou, o território se tornou um viveiro de terroristas.
O presidente israelense, Moshe Katsav, disse que paz será um objetivo enganoso a não ser que os militantes islâmicos "reconheçam o direito de existência de Israel e renunciem ao terror".
A ministra israelense das Relações Exteriores, Tzipi Livni, lançou um apelo para que a União Européia evite a formação de um "governo terrorista", depois da ampla maioria parlamentar que o Hamas conquistou. A UE financia programas de desenvolvimento na Cisjordânia e em Gaza. A suspensão desse financiamento seria uma forma de pressão.


Com agências internacionais

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