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IRAQUE NA MIRA
Círculo íntimo de Saddam pode ser julgado por crimes de guerra; outras autoridades podem ajudar na era pós-Saddam
EUA fazem listas sobre a elite iraquiana
THOM SHANKER
DAVID JOHNSTON
DO "THE NEW YORK TIMES"
Os serviços de inteligência dos
EUA identificaram mais de 2.000
membros do alto escalão do governo iraquiano, inclusive alguns
que, se capturados, podem ser
classificados como criminosos de
guerra. Os militares americanos
tentarão convencer alguns deles a
se voltarem contra o ditador Saddam Hussein em uma possível
guerra contra o Iraque, segundo
autoridades de Washington.
Os dados, cuja existência estava
sendo mantida em segredo, dividem as autoridades iraquianas
em três grupos: o círculo íntimo
de Saddam, os de lealdade incerta
e os possíveis colaboradores.
O presidente dos EUA, George
W. Bush, já deixou claro que os
que atacarem as forças aliadas no
Iraque serão tratados como criminosos de guerra. Porém, segundo ele, quem impedir o uso de
armas de destruição em massa ou
se renderem terão um tratamento
diferenciado.
"Se eles impedirem o uso de armas de destruição em massa ou fizerem as tropas sob suas ordens
se renderem sem necessidade de
uso da força, suas punições serão
suavizadas", disse um importante
assessor de Bush que não se identificou. A lista dos iraquianos foi
compilada pelos serviços de inteligência e departamentos do governo, como a CIA (serviço de inteligência dos EUA), o Pentágono
e o Departamento da Justiça. Autoridades salientaram que a classificação de lideranças já havia
ocorrido antes, com o regime do
Taleban, no Afeganistão, em
2000, e com o regime iugoslavo,
na Guerra de Kosovo, em 1999,
mas em menor escala.
A lista faz parte de um esforço
coordenado do governo americano para encorajar atos internos
no Iraque que minem a autoridade de Saddam, desfaça o círculo
que o rodeia e talvez o force a deixar o país, dizem autoridades.
O secretário da Defesa dos EUA,
Donald Rumsfeld, voltou a dizer
que o exílio de Saddam seria uma
forma de impedir a guerra.
O objetivo da lista também é
atrair membros do alto escalão
iraquiano que não façam parte do
círculo íntimo para o lado americano em caso de eclosão da guerra
para derrubar o regime do ditador iraquiano.
Ameaça
As autoridades americanas, que
se recusavam a comentar a lista,
passaram a admitir a sua existência após surgir a informação de
que Saddam teria tomado conhecimento dela. O ditador teria dito
a muitos de seus subordinados
que os EUA os tratarão como criminosos de guerra e que a melhor
maneira de eles sobreviverem seria continuarem leais ao regime.
Os americanos afirmam que o
número de pessoas que integram
a primeira categoria, do círculo
íntimo de Saddam e que podem
ser julgados por crimes de guerra,
é relativamente pequeno.
Entre as pessoas que integram
essa categoria há militares de alto
escalão, autoridades de segurança, membros do serviço de inteligência e líderes políticos, assim
como integrantes da família de
Saddam que estão inexoravelmente ligados ao ditador e que tiveram participação em muitas
das brutalidades cometidas pelo
regime, afirmam autoridades.
A segunda categoria contém
pessoas do mesmo escalão, porém cujas atitudes em um governo pós-Saddam são incertas, assim como a lealdade ao ditador.
Eles serão julgados pelas ações
que realizarem durante uma possível guerra. Esse grupo é bem
maior do que o primeiro.
A terceira categoria da lista,
também ampla, inclui pessoas
que secretamente se opõem ao regime de Saddam ou que teriam
um papel importante em um futuro governo pós-Saddam.
Membros do governo Bush disseram que Saddam e seu círculo
íntimo serão julgados por crimes
contra a população iraquiana, que
vão desde assassinatos cometidos
pelas forças de segurança a ataques com armas de destruição em
massa. E um tribunal internacional para julgar os crimes cometidos pelo regime iraquiano já estaria em grau mais avançado de formulação do que se imagina.
A lista, segundo o Departamento da Defesa, estaria acessível apenas aos membros mais importantes do governo Bush.
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