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Roda dos enjeitados deve voltar para bebês abandonados na Itália
Grande número de recém-nascidos largados na rua ou até em latas de lixo leva ministra a sugerir incubadoras especiais para quem quiser abandoná-los
DA REDAÇÃO
A ministra para Assuntos da
Família da Itália, Rosy Bindi,
quer que cada hospital do país
tenha uma versão moderna da
"roda dos enjeitados", onde bebês eram abandonados por
seus pais em séculos passados.
No fim de semana, um bebê
foi abandonado em uma incubadora no hospital Casilino, em
um subúrbio de Roma. Já preparada para abandonos, a sala
possui sensores eletrônicos
que detectaram a presença do
recém-chegado e ativaram um
alarme em apenas 40 segundos.
Os médicos recolheram o menino, que se chamará Stefano.
Histórias de recém-nascidos
abandonados em lugares públicos, como calçadas, acostamentos de estradas e até latas de lixo, repetem-se mensalmente
na imprensa italiana.
"Desejo que a mãe do menino
deixado no Casilino encontre
esperança e coragem para mudar de opinião", disse a ministra. "De qualquer maneira, essa
decisão difícil e dolorosa aconteceu em um ambiente seguro,
melhor alternativa que a rua."
As rodas que recebiam bebês
indesejados eram cilindros de
madeira instalados nas paredes
de conventos e igrejas. No Brasil, "rodas dos expostos" ou
"dos enjeitados" funcionaram
nas Santas Casas até meados do
século 20. O bebê era colocado
na cilindro, do lado externo do
prédio, e depois era rodado pelas freiras, e levava a criança ao
interior. O mecanismo mantinha o anonimato de quem
abandonava o bebê.
As primeiras rodas foram
criadas na Itália em 1198, por
ordem do papa Inocêncio 3º,
que estava alarmado pela grande quantidade de bebês encontrados nas redes de pescadores
no rio Tibre. Mas o ditador Benito Mussolini aboliu oficialmente as rodas em 1923.
Bindi prometeu falar com o
ministra da Saúde, Livia Turco,
para criar uma incubadora em
cada maternidade.
O hospital Casilino, situado
em uma área de população imigrante, colocou diversos cartazes com os dizeres "não abandone sua criança, deixe conosco", em seis línguas, como chinês e romeno.
Mas o governo estima que, no
sul, muitas crianças abandonadas sejam de pais italianos. Seriam filhos nascidos fora do casamento, motivo de constrangimento para um país tão católico. A Itália tem o menor índice de natalidade da União Européia, de apenas 8,72 nascimentos por 1.000 habitantes, e
um crescimento populacional
de apenas 0,04% ao ano.
Cada mulher tem, em média,
1,28 filho, a mesma taxa de fertilidade da Espanha, que, no
entanto, tem um crescimento
três vezes maior por conta da
imigração intensa.
Isso já provoca um debate no
país sobre os efeitos do envelhecimento da população. Apenas 13,8% dos italianos têm
menos de 14 anos (no Brasil,
são 25,8%) e a idade média no
país é de 42,2 anos (aqui, é de
28,2 anos).
Com agências internacionais
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