São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bagdá dá ultimato a milícias xiitas

Após dois dias de confrontos que deixaram 70 mortos, governo ordena que combatentes entreguem armas até sábado

Confrontos espalham-se por capital e outras cidades e ameaçam trégua decretada em agosto; analistas vêem enfraquecimento de Sadr

DA REDAÇÃO

Numa tentativa de pôr fim a confrontos que se espalharam pelo Iraque, deixando pelo menos 70 mortos em dois dias, e ameaçam enterrar um cessar-fogo de crucial importância para a diminuição da violência sectária nos últimos meses, o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al Maliki, deu ontem um ultimato de três dias para que as milícias xiitas de Basra entreguem suas armas e renunciem à violência.
Um assessor de Maliki disse que "os homens armados que não entregarem suas armas" em delegacias de polícia em Basra até sábado serão "severamente castigados".
O principal alvo da advertência é o clérigo Moqtada al Sadr, líder do Exército de Mehdi, poderosa e popular milícia que disputa o controle de Basra (sul) com outras facções xiitas, levando o governo iraquiano a lançar na última segunda-feira, com soldados americanos, a ofensiva que transformou as ruas da segunda maior cidade do país num campo de batalha.
Sadr, que não reconhece a legitimidade de Maliki e exige participação no governo, acusa as autoridades de Bagdá de apoiarem grupos xiitas rivais para enfraquecer o Exército de Mehdi. As Forças Armadas iraquianas negam.
Presentes em praticamente todo o país, seguidores de Sadr também entraram em confronto com as forças iraquianas e americanas em várias cidades, Bagdá principalmente.
Os bairros xiitas da capital têm sido palco de intensos combates, que deixaram ontem pelo menos dois soldados americanos mortos. Pelo segundo dia consecutivo, o Exército de Mehdi lançou mísseis contra a Zona Verde, área fortificada de Bagdá onde ficam os prédios do governo iraquiano e as representações estrangeiras.
Assessores de Sadr reiteraram que o cessar-fogo decretado em agosto e que ajudou a reduzir em 60% a violência sectária no fim do ano passado ainda está em vigor. Mas eles insistiram em que o clérigo permanece disposto a convocar a desobediência civil e a destruição de poços de petróleo se a ofensiva continuar.
Sem dizer se aceitará o ultimato do governo, Sadr acenou ontem com a possibilidade de dialogar com autoridades de Bagdá, o que confirma a versão sustentada por analistas de que a operação em Basra está atingindo o objetivo estratégico de enfraquecer o Exército de Mehdi.


Com agências internacionais


Texto Anterior: China diz que 660 revoltosos se entregaram
Próximo Texto: Novo premiê paquistanês barganha com guerra ao terror
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.