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Bagdá dá ultimato a milícias xiitas
Após dois dias de confrontos que deixaram 70 mortos, governo ordena que combatentes entreguem armas até sábado
Confrontos espalham-se por capital e outras cidades e ameaçam trégua decretada em agosto; analistas vêem enfraquecimento de Sadr
DA REDAÇÃO
Numa tentativa de pôr fim a
confrontos que se espalharam
pelo Iraque, deixando pelo menos 70 mortos em dois dias, e
ameaçam enterrar um cessar-fogo de crucial importância para a diminuição da violência
sectária nos últimos meses, o
primeiro-ministro iraquiano,
Nuri al Maliki, deu ontem um
ultimato de três dias para que
as milícias xiitas de Basra entreguem suas armas e renunciem à violência.
Um assessor de Maliki disse
que "os homens armados que
não entregarem suas armas"
em delegacias de polícia em
Basra até sábado serão "severamente castigados".
O principal alvo da advertência é o clérigo Moqtada al Sadr,
líder do Exército de Mehdi, poderosa e popular milícia que
disputa o controle de Basra
(sul) com outras facções xiitas,
levando o governo iraquiano a
lançar na última segunda-feira,
com soldados americanos, a
ofensiva que transformou as
ruas da segunda maior cidade
do país num campo de batalha.
Sadr, que não reconhece a legitimidade de Maliki e exige
participação no governo, acusa
as autoridades de Bagdá de
apoiarem grupos xiitas rivais
para enfraquecer o Exército de
Mehdi. As Forças Armadas iraquianas negam.
Presentes em praticamente
todo o país, seguidores de Sadr
também entraram em confronto com as forças iraquianas e
americanas em várias cidades,
Bagdá principalmente.
Os bairros xiitas da capital
têm sido palco de intensos
combates, que deixaram ontem
pelo menos dois soldados americanos mortos. Pelo segundo
dia consecutivo, o Exército de
Mehdi lançou mísseis contra a
Zona Verde, área fortificada de
Bagdá onde ficam os prédios do
governo iraquiano e as representações estrangeiras.
Assessores de Sadr reiteraram que o cessar-fogo decretado em agosto e que ajudou a reduzir em 60% a violência sectária no fim do ano passado ainda
está em vigor. Mas eles insistiram em que o clérigo permanece disposto a convocar a desobediência civil e a destruição de
poços de petróleo se a ofensiva
continuar.
Sem dizer se aceitará o ultimato do governo, Sadr acenou
ontem com a possibilidade de
dialogar com autoridades de
Bagdá, o que confirma a versão
sustentada por analistas de que
a operação em Basra está atingindo o objetivo estratégico de
enfraquecer o Exército de
Mehdi.
Com agências internacionais
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