São Paulo, domingo, 27 de maio de 2007

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Oposição não terá espaço em nova TV

Para recém-nomeada presidente da Tves, emissora que substituirá a RCTV, meta é diversidade cultural, não política

Segundo a jornalista Lil Rodríguez, Constituição venezuelana determina função pública da televisão e está sendo cumprida


DE CARACAS

Nomeada para o cargo há uma semana, a presidente do canal estatal Tves (Televisora Venezuelana Estatal), Lil Rodríguez, disse que a nova emissora será enfocada no "serviço público", mas que não haverá espaço para a oposição. Jornalista há mais de 25 anos -com uma breve passagem pela RCTV-, Rodríguez apresentava um programa musical na Telesur.
A seguir, a entrevista concedida à Folha durante um intervalo entre reuniões sobre o novo canal, que estréia na madrugada de amanhã. (FABIANO MAISONNAVE)

 

FOLHA - Por que a Venezuela precisa de mais um canal estatal?
LIL RODRÍGUEZ -
Por definição, toda rede de TV teria de ser de serviço público, porque está submetida às normas do Estado -inclusive o tempo de transmissão publicitária, o tempo que fica no ar e a exposição dos conteúdos. Onde está a diferença? A VTV é um canal informativo e de opinião, a Vive é uma televisão educativa. A Tves é de serviço público e entretenimento: musicais, programas de humor, dramáticos e esportivos terão maior espaço.

FOLHA - Para abrir a Tves, é preciso fechar a RCTV?
RODRÍGUEZ -
As primeiras freqüências são as que têm maior potência e poder de capturar o público [a RCTV ocupa o canal 2]. Há oito anos, porque isso ordena a nossa Constituição, teria de ter sido trabalhado um sinal de serviço público. E acontece agora que um sinal será recuperado pelo Estado, e esse sinal permitirá que o cidadão venezuelano sinta a força desse espectro radioelétrico em razão de seu interesse como cidadão. É uma conjuntura feliz: se eu quero fazer uma determinada comida, mas, no lugar deste peixe que eu tenho aqui, eu sei que, dentro de quatro dias, terei um peixe fresco, espero por esse peixe fresco.

FOLHA - Não lhe dá pena o fim do canal mais antigo do país, onde inclusive a sra. trabalhou?
RODRÍGUEZ -
Por qual razão você teria de ficar com uma mulher que não ama?

FOLHA - Não é um tema privado, mas público.
RODRÍGUEZ -
Mas é a mesma premissa. O que me dá vergonha, como cidadã deste país, é a impossibilidade de acrescentar mais coisas. Tudo que eu possa fazer para aprimorar as manifestações do venezuelano, eu vou fazer.

FOLHA - E o orçamento?
RODRÍGUEZ -
Tudo que eu posso dizer é que eu tenho dois dias [a entrevista foi gravada na terça] como presidente designada. Agora vou conhecer onde vou trabalhar, vou sentar e olhar o orçamento.

FOLHA - Não é muito improviso para criar um canal?
RODRÍGUEZ -
Nós, no Caribe, temos um ritmo muito diferente. Mas as coisas vão sair, há com que sair.

FOLHA - A oposição poderá apresentar projetos na Tves?
RODRÍGUEZ -
Não, não, não. Imagine. Promoveremos a diversidade cultural venezuelana, e não a diversidade política.


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