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Assessores dizem a Bush que Arafat financia terror
TODD S. PURDUM
PATRICK E. TYLER
DO "THE NEW YORK TIMES"
O presidente George W. Bush decidiu pedir a saída de Iasser
Arafat depois de receber informações de serviços de inteligência,
na semana passada, indicando
que o líder palestino autorizou o
pagamento de US$ 20 mil a um
grupo que reivindicou a autoria
de um atentado suicida em Jerusalém. A informação foi divulgada ontem por um alto funcionário
do governo dos EUA.
Em consequência disso, a diplomacia agressiva que, previra-se
originalmente, seria conduzida
após o discurso do presidente
-incluindo uma viagem imediata do secretário de Estado dos
EUA, Colin Powell, à região, e
uma conferência de paz- será
adiada. Em lugar disso, representantes do governo reconheceram
hoje que precisarão de uma nova
rodada de consultas antes que
possam decidir os próximos passos.
Embora os líderes árabes tenham dito que foram pegos de
surpresa pelo chamado de Bush a
favor da saída de Arafat, a maioria
simplesmente optou por ignorar
a ênfase dada no discurso à questão da substituição dos líderes palestinos. Em lugar disso, eles ofereceram comentários públicos
construtivos, manifestando apoio
cauteloso.
Extra-oficialmente, porém, eles
disseram estar pressionando os
EUA para que o país lance luz sobre seus próximos passos. Querem saber, entre outras coisas,
quando a administração vai exortar Israel a retirar suas forças militares da Cisjordânia e da faixa de
Gaza, para que o processo de reforma da segurança e do governo
possa começar.
Uma pergunta ainda não resolvida que vem complicando quaisquer planos de viagem de curto
prazo de Powell é o status de Arafat entre hoje e as eleições nacionais palestinas, previstas para janeiro.
O porta-voz do Departamento
de Estado dos EUA, Richard Boucher, enfrentou várias perguntas a
respeito de eventuais conversas
com Arafat. Ele respondeu: ""Não
é algo que se possa excluir ou incluir neste momento. Não está em
discussão neste momento".
Referindo-se ao encontro recente entre Bush e o presidente do
Egito, Hosni Mubarak, um diplomata egípcio comentou: ""Em
Camp David, o presidente Bush
disse que Arafat não era o problema, e nós o interpretamos ao pé
da letra. Então por que Bush fez
dele um problema?".
A resposta, disseram funcionários da administração, está em
parte nos relatórios de segurança
obtidos na semana passada, mostrando que Arafat continua a financiar as Brigadas dos Mártires
de Al Aqsa ao mesmo tempo em
que afirma estar reprimindo o
terror, cedendo aos pedidos de
Washington. Essa informação, segundo os representantes, teria sido crucial para a decisão de Bush
de exigir sua substituição.
Os relatórios de inteligência obtidos à última hora também parecem ter tido papel importante na
formulação do discurso proferido
pelo presidente para o vice-presidente, Dick Cheney, o secretário
da Defesa, Donald Rumsfeld, e
seus assessores. Durante meses
eles vinham pedindo a adoção de
uma postura mais dura contra
Arafat, enquanto Colin Powell argumentava que, fossem quais fossem seus defeitos, Arafat era o líder palestino designado.
Em entrevistas transmitidas ontem pela televisão, Powell fez
questão de destacar seu apoio total à nova postura contra Arafat.
Mas ele também afirmou, em tom
queixoso, que os palestinos estão
prejudicando sua própria causa e
fazendo com que seja mais difícil
para os EUA ajudá-los.
Ele se mostrou ambíguo quanto
às consequências da política de
Bush no caso de Arafat ser reeleito
líder palestino numa votação nova e livre, dizendo: ""Vamos lidar
com as circunstâncias à medida
que elas forem se apresentando".
Powell afirmou ainda que não
tem planos de viajar imediatamente ao Oriente Médio nem para uma conferência planejada de ministros das Relações Exteriores que discutiria as propostas de paz. Representantes do governo disseram apenas que Powell poderá
viajar para o Oriente Médio nas próximas semanas.
Na realidade, reconheceram, a nova ênfase dada por Bush à reforma do governo palestino como virtual condição prévia para qualquer avanço em direção à paz
equivale a uma mudança tão grande na política americana que
levará algum tempo para o governo decidir quais serão seus próximos passos, inclusive quanto envolvimento cotidiano representantes americanos terão em campo.
Tradução de Clara Allain
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