|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
análise
Alkatiri tinha estilo de mando "bolchevista"
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mari bim Amude Alkatiri
criava facilmente inimigos
pela arrogância e pelo autoritarismo que lhe atribuíam.
No governo timorense citava-se seu estilo "bolchevista"
de governar, pois era intolerante com quem discordava
e dogmático naquilo que
acreditava ser correto.
Muçulmano num país católico, formou-se em geografia, exilado em Angola, e depois em direito, em seu exílio
em Moçambique, onde se
tornou protegido do presidente Samora Machel.
Seus 24 anos de exílio fizeram dele, na opinião de muitos, um "estranho" em seu
próprio país. Comprou três
brigas desgastantes. A primeira foi a tentativa de impor o português -falado apenas por uma minoria de idosos- como idioma oficial.
A segunda foi a supressão
do ensino religioso, o que pela primeira vez colocou os timorenses na rua em protesto
contra o governo. A terceira
foi a de conceber o Exército
como um bloco homogêneo,
dentro do qual não se negociavam concessões, desencadeando a atual crise.
Timor Leste, por sua acidentada história e pela recente luta contra dois colonialismos, o português e o indonésio, gerou uma classe
política que transportou para a vida institucional a disciplina e o dogmatismo da militância clandestina.
Mari Alkatiri foi uma vítima da incapacidade de conversão ao novo estilo, que
exige o convívio com a contradição e uma abertura sem
preconceitos ao diálogo.
Texto Anterior: Premiê de Timor deixa o cargo para frear crise Próximo Texto: Sob Calderón, México pode "pausar" a Alca Índice
|