São Paulo, sábado, 27 de julho de 2002

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INDONÉSIA

Em decisão considerada histórica, tribunal declara Hutomo Mandala Putra culpado de mandar matar um juiz

Filho de Suharto é condenado a 15 anos de prisão

DA REUTERS

Um tribunal indonésio condenou o filho mais novo do ex-ditador Suharto a 15 anos de prisão por pagar um assassino profissional para matar um juiz da Suprema Corte e outros crimes.
Hutomo "Tommy" Mandala Putra saiu do tribunal alegando estar com diarréia antes de o veredicto ser anunciado ontem.
A sentença foi a mesma pedida pela Promotoria pelas acusações de planejar a morte do juiz Syafiuddin Kartasasmita -que condenara Tommy por extorsão em 2000- , posse ilegal de armas e fuga da Justiça após ter sido condenado por extorsão.
Mas a Promotoria havia pedido a pena de morte pela acusação de homicídio. Segundo analistas, isso significa que, apesar de a sentença ser uma vitória simbólica para a presidente Megawati Sukarnoputri e o desacreditado Judiciário, ainda falta muito para os 210 milhões de indonésios acreditarem em seu sistema judicial.
"O réu deu dinheiro a um assassino para que ele seguisse suas ordens. Os juízes não encontraram razões para anular a responsabilidade do réu. O réu, portanto, tem de ser declarado culpado", disse Andi Samsam Nganro, um dos cinco juízes do caso.
Tommy, que foi detido pela polícia em novembro passado após ficar um ano foragido, nega ter planejado o assassinato de Syafiuddin, morto a tiros em seu carro em plena luz do dia, há um ano.
Os advogados de defesa de Tommy afirmaram que as acusações eram infundadas e que apelariam da decisão por achar que "a mídia pressionou os juízes".
O caso de Tommy e outros envolvendo indonésios proeminentes têm sido vistos como um teste para a promessa de Megawati de tornar o país um lugar mais justo após décadas de autoritarismo.
Durante o governo de seu pai, que durou 32 anos, até 1998, Tommy -o filho caçula de Suharto e administrador de fábricas de produtos tão variados quanto carros e temperos- era visto como um playboy que ganhava milhões por causa de suas conexões. Ele e sua família eram tidos como pessoas "acima da lei".
"É um marco que alguém tão poderoso quanto Tommy seja arrastado a um tribunal", disse Maswadi Rauf, analista político da Universidade da Indonésia.



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