DA REDAÇÃO

A Rússia aprovou um programa de intensificação de sua cooperação com o Irã -que inclui a construção de reatores nucleares-, o que, certamente, irá desagradar à administração do presidente dos EUA, George W. Bush.
O projeto do governo russo, aprovado nos últimos dias e divulgado ontem, prevê a construção de até seis reatores nucleares, a expansão de usinas já existentes, o desenvolvimento de projetos de construção de depósitos de petróleo e de gás natural, a produção conjunta de aeronaves e um aumento da cooperação entre os dois Estados nas áreas das comunicações e da metalurgia.
Um acordo assinado entre Moscou e Teerã na década passada, que previa a construção de uma usina nuclear em Bushehr, na costa do golfo Pérsico, provocou a ira de Washington, que, recentemente, incluiu o Irã no que chamou de "eixo do mal", junto com o Iraque e a Coréia do Norte. Segundo os EUA, a tecnologia civil necessária para a implementação desse tipo de acordo pode ser usada para produzir armas atômicas.
Imediatamente após o anúncio do plano, um parlamentar russo reiterou que o país só pretende intensificar sua cooperação com fins pacíficos. Segundo ele, Moscou não quer que a notícia afete suas relações com Washington.
"Não interessa nem à Rússia nem aos EUA que outros países obtenham tecnologia nuclear com aplicações militares", afirmou Dmitry Rogozin à agência de notícias Interfax.
Por enquanto, a Rússia e o Irã só concordaram em terminar a construção do reator de Bushehr, mas Moscou tem tentado convencer Teerã a construir uma segunda unidade no mesmo local.
O plano de cooperação com o Irã, assinado pelo premiê russo, Mikhail Kasyanov, prevê a construção de até seis reatores.
Washington não tem poupado críticas ao projeto de Bushehr embora Bush tenha dito, após uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, realizada em maio, que estava contente com as garantias dadas pelo governo russo em relação ao projeto. Segundo Teerã, a usina de Bushehr será monitorada pela Agência Internacional de Energia Atômica.
A Rússia também afirmou que pretende dar continuidade a projetos já existentes que prevêem a construção de oleodutos e de depósitos de petróleo e de gás natural. Também disse que novos projetos nessa área não estão descartados. Os EUA têm lei para punir transferência de tecnologia bélica nuclear para países como o Irã.