São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

País tem desemprego de 50% e depende de importações

DA ENVIADA A DÍLI

Na capital timorense, Díli, a população se pergunta como resolver o desemprego, que atinge até 50% da população, a dependência de importações, a infra-estrutura precária e a dificuldade de fazer a economia andar com as próprias pernas.
O Estado é hoje o principal empregador, com 20 mil funcionários e salários que variam de US$ 106 a US$ 384 mensais líquidos. Alguns poucos conseguem trabalho nas organizações internacionais, e o restante sobrevive de agricultura e comércio informal nas ruas.
A agricultura é a base da economia, mas parcela significativa da comida (principalmente os produtos industrializados) é importada da Indonésia. A moeda é o dólar.
Os timorenses circulam pela cidade em pequenas vans abarrotadas, a um preço de US$ 0,25. Privilegiados que têm famílias no exterior podem pagar mais facilmente um carro, transformado em táxi na maioria das vezes. Os cortes de energia são freqüentes.
As famílias são grandes, cada casal tem em média sete filhos. Rinha de galo é a diversão local.
Díli é cercada por montanhas e praias protegidas por uma barreira de corais, o que lhe confere um potencial turístico -desde que a paz se sustente.
A presença maciça de funcionários internacionais - integrantes de tropas da ONU e funcionários de ONGs - trouxe uma espécie de mercado paralelo. Nos bares e restaurantes freqüentados por estrangeiros, um prato de comida não sai por menos de US$ 10. Uma cerveja custa US$ 3. Aluguéis estão acima de US$ 1.000, geralmente casas bastante simples e apertadas. Há pequenos supermercados com produtos vindos de Cingapura e da China.
A ONU lidera uma força de paz no país, com um contingente de quase 1.600 homens, o que garante a sensação de segurança na cidade, e uma demanda por serviços.
Apesar da forte presença dos ex-colonizadores portugueses, da ajuda australiana e da intensa relação comercial com a Indonésia, a presença da China é cada vez mais visível, a começar pela arquitetura. Foi um presente de Pequim o novo prédio do Ministério das Relações Exteriores, o mais vistoso do país. A futura sede da Presidência também está sendo erguida por chineses.
Primeiro país a reconhecer a independência timorense, em 2002, a China vem ganhando contratos. Um deles prevê a compra de dois barcos de patrulha chineses e o outro, a instalação de plantas de geração de eletricidade.
Apesar de o português ser idioma oficial, praticamente não se ouve a língua nas ruas. A ausência se deve em grande parte ao fato de muitos jovens terem sido educados em indonésio no período de ocupação. (LS)


Texto Anterior: Populações deslocadas expõem fraturas de Timor
Próximo Texto: Artigo: A política externa mutante de Barack Obama
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.