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Afeganistão acusa Otan de matar dezenas de civis em dia sagrado
Casas foram bombardeadas durante confronto; mortes civis podem chegar a 85
DA REDAÇÃO
Um mês após a Otan (aliança
militar ocidental) afirmar ter
derrotado o grupo extremista
Taleban no sul do Afeganistão,
as forças da coalizão são acusadas de matar dezenas de civis
na região, bombardeando suas
casas enquanto eles celebravam o fim do mês sagrado do
Ramadã, na última terça.
O governo afegão confirma
que pelo menos 40 civis morreram -incluindo mulheres e
crianças-, numa operação no
distrito de Panjwayi. Autoridades locais citam um número
ainda maior: 85, o que faria do
incidente o ataque mais mortal
das forças ocidentais no país
desde a queda do governo taleban, em 2001. A Otan afirma
que suas investigações iniciais
apontam 12 "não combatentes"
mortos -e diz ter alvejado
"precisamente" os militantes.
Os soldados, segundo a organização, lutavam com insurgentes que atacavam comboios
-ela não comentou a declaração anterior de que os havia
derrotado, feita após uma grande operação que matou mais de
500 militantes. A onda de violência que atinge o país é a pior
dos últimos cinco anos.
Segundo um membro do
Conselho da Província de Kandahar, Bismillah Afghanmal,
insurgentes invadiram casas de
civis para se esconder, e os militares ocidentais alvejaram as
moradias. Testemunhas dizem
que 25 casas foram ao chão.
Segundo o porta-voz da Otan
no país, major Mark Knittig,
cerca de 70 militantes morreram nos combates, mas, "muito
tristemente, civis continuam a
ser surpreendidos". A Otan diz
que "o fato de os insurgentes
usarem a população como escudo humano torna nossa vida
muito difícil, mas não nos impede de fazer qualquer esforço
para minimizar problemas".
O presidente Hamid Karzai
condenou repetidamente as
mortes. Há uma semana, ele
havia pedido à Otan "precaução
máxima" para evitar atingir civis. A organização disse que vai
cooperar com uma investigação do Ministério da Defesa.
O ataque ocorreu num dos
dias mais importantes para os
muçulmanos, o Eid al-Fitr -o
fim do Ramadã-, e ameaça fazer a população se voltar contra
a coalizão. No funeral coletivo,
acompanhado por centenas, os
moradores mostravam revolta.
"Estão todos muito bravos
com o governo e a coalizão",
disse Abdul Aye, que afirmou
ter perdido 22 parentes. "O povo não vai esquecer as mortes
de suas crianças com um simples "desculpe-me'", afirmou
Afghanmal. A imagem da coalizão já deve ser afetada pela divulgação, anteontem, de fotos
de militares alemães profanando um cadáver no país. A Alemanha reforçou a segurança de
suas embaixadas.
Com agências internacionais
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