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São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003

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VENEZUELA

Embaixador no Brasil assume emissora estatal

A dois dias de campanha da oposição, Chávez acusa TVs privadas de boicote

FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse ontem que as redes privadas de TV se negam a transmitir propagandas governistas e ameaçou intervir caso o suposto problema continue.
"Se eles não transmitirem publicidade dos partidos [pró-governo], terei de tomar uma decisão", disse Chávez, em ato oficial.
As acusações ocorrem a dois dias do início da campanha da oposição para recolher assinaturas em favor de um referendo sobre a saída de Chávez. Pesquisas de opinião mostram que a oposição reunirá os 2,4 milhões de assinaturas necessários (20% do eleitorado), mas o governo diz que os resultados são manipulados.
Caso esse número mínimo seja alcançado, o referendo poderá ser realizado em março de 2004.
As TVs negaram a acusação e afirmam que Chávez tem abusado do direito de convocar pronunciamentos presidenciais, cuja transmissão é obrigatória por lei.
Os chavistas têm acusado os donos de TV de participação em conspirações contra o governo e de envolvimento no fracassado golpe de Estado de 2002.

Reforço
Chamado às pressas a Caracas por Chávez, o embaixador da Venezuela no Brasil, Vladimir Villegas, 41, acumula desde o início deste mês a presidência da TV estatal VTV. A emissora é uma das principais armas da propaganda oficial para enfrentar a oposição.
Em entrevista à Folha por telefone, Villegas disse que só volta ao Brasil na semana que vem, quando deixará oficialmente o cargo de embaixador. Segundo ele, o ex-presidente da VTV saiu do cargo por problemas de saúde.
Villegas disse que, por orientação de Chávez, a TV estatal "aprofundou, nestes dias de coleta de assinaturas, uma política de equilíbrio informativo".
Segundo Villegas, se os canais privados de TV forem tendenciosos na campanha das assinaturas, a VTV reagirá "defendendo o Estado de Direito" e "compensando informativamente as falhas em caso de manipulação midiática desmedida e incontrolável".
Ele disse que conversa diariamente com o vice-presidente José Vicente Rangel, considerado o braço direito de Chávez. "Ele é jornalista, me dá muito apoio e me aconselha bastante."


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