São Paulo, sábado, 27 de novembro de 2010

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"É mais seguro que o Rio", dizem militares

DA ENVIADA A PORTO PRÍNCIPE

"Aqui está mais seguro do que o Rio." A frase circulava anteontem entre militares brasileiros da Minustah, a força da ONU no Haiti.
Os militares do Brabatt 2 (2º Batalhão de Infantaria da Força de Paz Brasileira ) levavam jornalistas e convidados do governo brasileiro como acompanhantes em uma ronda noturna pelo devastado centro de Porto Príncipe.
"Essa zona estava tomada por gangues. Eles ocupavam as ruas com grandes barricadas de lixo", lembra o major Alexandre Leonardo.
A comitiva havia acabado de passar pelo Ponto Forte 12, ao lado do mercado público da capital haitiana, batizado de "cozinha do inferno".
"Hoje não existe nenhum ponto de Porto Príncipe onde não possamos entrar", completa o oficial.
Os "pontos-fortes", espécie de quartéis-generais instalados em locais-chave, foram o eixo da estratégia dos militares brasileiros para controlar as favelas haitianas. Deles partiam as patrulhas e se irradiava a presença das forças de segurança.
A principal favela da capital, a Cité Soleil, com 300 mil habitantes, foi "pacificada" -para usar o termo carioca- em 2007, após dois anos e nove meses de ação.
As semelhanças de metodologia entre o Rio de Janeiro e o Haiti não são acaso.
Como também não é acaso que parte dos 800 militares que atuarão na operação carioca, da Companhia de Paraquedistas, tenha passagens pela Minustah.
Os militares brasileiros em Porto Príncipe evitam, porém, comparações diretas, dada a controvérsia em torno do uso de militares em segurança interna no Brasil.
Enfatizam a diferença de status jurídico de cada ação. No Haiti, as tropas brasileiras têm um mandato da ONU para tal, e regras específicas de conduta, à diferença do Rio.
Ainda assim, a atuação da Minustah foi criticada por ONGs e especialistas pelo uso excessivo da força.
A estratégia de segurança também sofreu um revés após o terremoto, no qual fugiram milhares de prisioneiros e integrantes de gangues ainda não recapturados.
"O meu índice é a dona Maria. Se a dona Maria está tomando o ônibus dela, fazendo compras e voltando para casa, estamos bem", diz o general brasileiro Paul Cruz, que comanda os solados de 19 países que integram a Minustah.
(FM)


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