São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 2007

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Na era YouTube, candidatos se aliam a blogueiros e internet vira palco maior

DE WASHINGTON

Ao soltar a frase -já incorporada ao léxico político local- "I'm in!" (estou dentro), sábado retrasado, Hillary Clinton não convocou uma entrevista coletiva. Postou um vídeo no site de sua campanha, dando início à primeira eleição presidencial americana da era YouTube.
Desde então, em vez dos tradicionais encontros com a militância pelo país, marcou uma série de videoconferências sobre os temas que lhe são mais caros: saúde pública universal e educação infantil, entre outros. Nelas, o público participa como numa sala de bate-papo virtual.
Como Hillary, mas antes, também Barack Obama, o governador do Novo México, Bill Richardson, e o ex-candidato à vice-presidência John Edwards anunciaram suas intenções primeiro pela rede.
É um mundo novo, pelo menos para a tradicional política dos EUA. Quando Hillary revelou quem estaria em sua equipe de campanha, um nome chamou a atenção: Peter Daou. Velho conhecido da blogosfera, ele será "conselheiro para assuntos de blog". Já Arianna Huffington, criadora de um dos mais importantes blogs liberais, o "Huffington Post", anuncia o primeiro debate virtual.
Tal preocupação com o efeito da campanha no meio e a opinião dos eleitores-internautas levou o "Wall Street Journal" a batizar o fenômeno de "netroots primaries", que pode ser traduzido como "primárias da internet". Diferentemente das oficiais, que começam em janeiro de 2008, essas já estão no ar e em plena atividade.
Mas a rapidez do meio requer prática e habilidade, o que nem todos têm. Por orientação de seus conselheiros, o escritório da democrata comprou anúncios em blogs conservadores, uma das principais fontes de críticas a Hillary. A iniciativa saiu pela culatra: tão logo seus pares descobriram, passaram a denunciar os blogueiros "vendidos"; esses tiveram de devolver o dinheiro dos anúncios para manter a "credibilidade".
O outro problema é a facilidade com que vazam vídeos e entrevistas. Nesta semana, caiu na rede um vídeo de um debate do ex-governador de Massachusetts e atual presidenciável republicano Mitt Romney com o senador democrata Ted Kennedy. Nele, Romney defende o direito ao aborto e o dos gays.
Tão logo souberam do "ataque", os assessores de comunicação do candidato fizeram um contra-ataque viral: soltaram um vídeo atual de Romney dizendo que, passados 13 anos, sua opinião mudou. A iniciativa satisfez os blogueiros. Por enquanto. (SD)


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