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SOB NOVA DIREÇÃO / GUERRA SEM FIM
Nosso objetivo não é criar paraíso afegão, diz Gates
Titular da Defesa alerta que ataques contra o Taleban no Paquistão vão continuar
Remando contra discurso conciliador de Obama, secretário diz que Irã exerce atividades subversivas em países da América Latina
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Em seu primeiro depoimento no Congresso como secretário da Defesa sob Barack Obama, Robert Gates apresentou
ontem objetivos modestos para
a ação no Afeganistão -prioridade militar do novo governo-
e reiterou que a guerra no país
não será vencida sem um esforço paralelo no Paquistão, incluindo ataques de mísseis.
Em apresentação à Comissão
de Serviços Armados do Senado, o secretário da Defesa também alertou para supostas atividades subversivas do Irã na
América Latina. Segundo ele, a
atuação de Teerã na região é
mais preocupante do que a
aproximação militar que vem
sendo feita pela Rússia.
A fala sobre Afeganistão e Paquistão chega bem calibrada
com os novos esforços de Obama, que há seis dias anunciou
um enviado especial, Richard
Holbrooke, para tratar da situação nos dois países.
Gates definiu o sucesso no
Afeganistão como um cenário
em que a região não seja refúgio
para a Al Qaeda, o poder do Taleban seja rejeitado, e a população apoie um governo legítimo.
Essa visão, mais pragmática,
contrasta com as políticas originais do governo de George W.
Bush, de quem Gates também
foi secretário, de espalhar a democracia pela área.
"O Afeganistão é o quarto ou
quinto país mais pobre do
mundo. Se o objetivo for criar
uma "valhala" [tipo de paraíso
viking] da Ásia Central ali, vamos perder, porque ninguém
no mundo tem tempo, paciência nem dinheiro", disse Gates.
Ele afirmou também não ter
dúvidas de que o Afeganistão é
o maior desafio militar atual
dos EUA e que o país continuará com ataques de mísseis no
Paquistão se isso for necessário
para vencer a Al Qaeda. Indagado se o governo paquistanês fora informado dessa posição,
Gates disse que sim.
Os EUA intensificaram ataques com mísseis no Paquistão
em 2008, devido ao aumento
da insurgência afegã na região
da fronteira e ao que veem como fracasso de Islamabad em
impedir o fluxo do Taleban.
Irã
Já a fala de Gates sobre a
preocupação com as atividades
do Irã na América Latina contrasta com as sinalizações do
governo Obama em prol da reconstrução da diplomacia com
Teerã. Tanto Obama quanto
sua nova embaixadora na ONU,
Susan Rice, afirmaram que pretendem restabelecer a diplomacia direta com o país.
A declaração de Gates, por
outro lado, mostra pressões
nos EUA para que o país não
descuide das pressões em relação aos iranianos, não apenas
quanto ao programa nuclear de
Teerã mas também no que se
refere a alianças internacionais. O presidente iraniano,
Mahmoud Ahmadinejad, tem
mantido contatos próximos
com o venezuelano Hugo Chávez e com o boliviano Evo Morales. Ambos expulsaram no
ano passado os embaixadores
dos EUA em seus países.
"[Os iranianos] estão abrindo
uma série de escritórios e foros
a partir dos quais interferem
em questões internas de alguns
desses países", disse Gates, sem
citar quais seriam os países.
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