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Ataques entre palestinos e Israel matam 2
Bomba atinge soldado israelense e míssil alveja palestino, aumentando a tensão sob a frágil trégua que pôs fim a 22 dias de guerra na região
Para Hamas, ação de Israel "foi pontual", e nenhum grupo assume explosão; sem detalhar, israelenses prometem ação mais dura
RAPHAEL GOMIDE
ENVIADO À FAIXA DE GAZA
A explosão de uma bomba na
fronteira da faixa de Gaza com
Israel matou um soldado israelense, feriu três militares e elevou o nível de tensão na região,
que vive uma instável trégua
desde o último dia 18. A explosão atingiu uma patrulha na
passagem fronteiriça de Kissufim, na manhã de ontem.
O episódio detonou a reação
de Israel, que empreendeu o
primeiro ataque aéreo com
mortos desde a trégua, há 11
dias, matando um palestino e
ferindo outro gravemente.
Perto das 23h de ontem em
Gaza (19h de Brasília), carros
de combate de Israel tomavam
a periferia de Khan Younis,
centro-sul de Gaza. O Hamas
confirmou a movimentação.
Houve tiroteio, e tanques israelenses entraram em Gaza
em uma área rural. Mais tarde,
um jato alvejou militante de
motocicleta em Khan Younis.
O território foi cenário de
uma ofensiva militar de 22 dias
de Israel, com mais de 1.300
mortos e mais de 5.000 feridos.
Israel declarou cessar-fogo
unilateral no dia 17, seguido pelo Hamas no dia seguinte. Um
cessar-fogo permanente está
em negociação, mediado pelo
Egito, mas ainda há pontos de
discórdia -como o monitoramento das fronteiras.
Nenhuma facção armada baseada em Gaza havia reivindicado a autoria do ataque até o
fim da noite de ontem.
As autoridades israelenses
condenaram o ataque, considerado "inaceitável", e ameaçaram reagir com ainda mais força. O ministro da Defesa, Ehud
Barak, afirmou que Israel vai
responder, embora tenha se recusado a detalhar como.
A chanceler Tzipi Livni declarou que o país não precisa
demonstrar comedimento contra o terror na faixa de Gaza.
Tanto Barak quanto Livni são
candidatos nas eleições legislativas do dia 10, cujas pesquisas
são lideradas pelo linha-dura
Binyamin Netanyahu.
Após o episódio, Israel fechou as fronteiras de Gaza com
Rafah (Egito) e Erez (Israel).
Ação pontual
O Hamas afirma não acreditar que Israel retome uma
ofensiva de fôlego por conta do
ataque. Um porta-voz do grupo
em Gaza afirmou ontem que o
movimento islâmico espera
uma resposta militar pontual,
com o objetivo de matar um alvo qualificado seu, caso não
consiga identificar a origem da
investida contra seus soldados.
Com o episódio, o Hamas
passou a adotar medidas de segurança ainda mais rigorosas
para ocultar e proteger suas
principais lideranças de uma
eventual retaliação de Israel.
Em declaração divulgada pela imprensa local, líderes de
grupos radicais palestinos afirmaram que "acabou a semana
de trégua e não importa para
nós o que aconteça no Cairo".
Na Cidade de Gaza, o incidente elevou a tensão, sobretudo entre os estrangeiros. Moradores de Gaza, porém, minimizaram o episódio e o compararam a inúmeros outros ocorridos ao longo dos anos na área
de fronteira com Israel.
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