São Paulo, quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

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Ataques entre palestinos e Israel matam 2

Bomba atinge soldado israelense e míssil alveja palestino, aumentando a tensão sob a frágil trégua que pôs fim a 22 dias de guerra na região

Para Hamas, ação de Israel "foi pontual", e nenhum grupo assume explosão; sem detalhar, israelenses prometem ação mais dura

RAPHAEL GOMIDE
ENVIADO À FAIXA DE GAZA

A explosão de uma bomba na fronteira da faixa de Gaza com Israel matou um soldado israelense, feriu três militares e elevou o nível de tensão na região, que vive uma instável trégua desde o último dia 18. A explosão atingiu uma patrulha na passagem fronteiriça de Kissufim, na manhã de ontem.
O episódio detonou a reação de Israel, que empreendeu o primeiro ataque aéreo com mortos desde a trégua, há 11 dias, matando um palestino e ferindo outro gravemente.
Perto das 23h de ontem em Gaza (19h de Brasília), carros de combate de Israel tomavam a periferia de Khan Younis, centro-sul de Gaza. O Hamas confirmou a movimentação.
Houve tiroteio, e tanques israelenses entraram em Gaza em uma área rural. Mais tarde, um jato alvejou militante de motocicleta em Khan Younis.
O território foi cenário de uma ofensiva militar de 22 dias de Israel, com mais de 1.300 mortos e mais de 5.000 feridos. Israel declarou cessar-fogo unilateral no dia 17, seguido pelo Hamas no dia seguinte. Um cessar-fogo permanente está em negociação, mediado pelo Egito, mas ainda há pontos de discórdia -como o monitoramento das fronteiras.
Nenhuma facção armada baseada em Gaza havia reivindicado a autoria do ataque até o fim da noite de ontem.
As autoridades israelenses condenaram o ataque, considerado "inaceitável", e ameaçaram reagir com ainda mais força. O ministro da Defesa, Ehud Barak, afirmou que Israel vai responder, embora tenha se recusado a detalhar como.
A chanceler Tzipi Livni declarou que o país não precisa demonstrar comedimento contra o terror na faixa de Gaza. Tanto Barak quanto Livni são candidatos nas eleições legislativas do dia 10, cujas pesquisas são lideradas pelo linha-dura Binyamin Netanyahu.
Após o episódio, Israel fechou as fronteiras de Gaza com Rafah (Egito) e Erez (Israel).

Ação pontual
O Hamas afirma não acreditar que Israel retome uma ofensiva de fôlego por conta do ataque. Um porta-voz do grupo em Gaza afirmou ontem que o movimento islâmico espera uma resposta militar pontual, com o objetivo de matar um alvo qualificado seu, caso não consiga identificar a origem da investida contra seus soldados.
Com o episódio, o Hamas passou a adotar medidas de segurança ainda mais rigorosas para ocultar e proteger suas principais lideranças de uma eventual retaliação de Israel.
Em declaração divulgada pela imprensa local, líderes de grupos radicais palestinos afirmaram que "acabou a semana de trégua e não importa para nós o que aconteça no Cairo".
Na Cidade de Gaza, o incidente elevou a tensão, sobretudo entre os estrangeiros. Moradores de Gaza, porém, minimizaram o episódio e o compararam a inúmeros outros ocorridos ao longo dos anos na área de fronteira com Israel.


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