São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

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FOCO

Reduto da elite egípcia, cidade costeira acompanha de longe as manifestações

ANDRÉ LOBATO
EM DAHAB (EGITO)

Enquanto a capital do Egito vive dias turbulentos, Dahab, na península do Sinai, segue pacífica, com cavalos na beira da praia, de onde se podem ver as montanhas da Arábia Saudita.
Repleta de hotéis, restaurantes e locais para mergulhar no mar Vermelho, a cidade atrai turistas israelenses e europeus e a minúscula elite ocidentalizada do Egito -que tem pouco contato com as camadas mais insatisfeitas do país.
Lá, mulheres de burca e biquíni fazem compras no mesmo supermercado. Álcool é fácil de encontrar. "Aqui, não nos sentimos no Egito, mas na Europa", diz o gerente de hotel Shawki Meged.
Em 2006, a tranquilidade foi momentaneamente abalada com a explosão de três bombas, que deixaram 23 mortos. Nem por isso Dahab deixou de ser popular como destino turístico.
Moradores mostram um sentimento difuso de solidariedade com os manifestantes. Mas poucos estão dispostos a se juntar aos protestos.
Segundo Ahmed Emam, dono de uma livraria, "é melhor esperar um pouco" antes de ir para o Cairo.
O que ajuda a isolar Dahab é o fato de muitos voos chegarem direto de outros países. "Menos de 10% dos turistas daqui vêm do aeroporto do Cairo", diz Emam.
Dois policiais que conversaram com a Folha tentaram minimizar a turbulência vivida pelo país. "Os turistas não deixam de vir. O que ocorre aqui acontece em todo lugar do mundo", disse um deles.
Apesar da independência econômica com relação ao restante do Egito, existem demonstrações de solidariedade. No letreiro de um restaurante, podia-se ler ontem: "25/01/11. We hope for a better Egypt" (esperamos um Egito melhor).
Sentado em sua livraria com títulos em inglês, Emam define a situação da bucólica Dahab: "Nossos corações estão com eles [os manifestantes]. Mas, para nós, não faz diferença. É como tomar um chá ou não".


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