São Paulo, terça-feira, 28 de março de 2006

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ITÁLIA

Em posição desfavorável nas pesquisas, premiê italiano busca apoio do eleitorado que associa imigrantes à criminalidade

Em fim de campanha, Berlusconi encampa o medo da imigração

DA REDAÇÃO

Dando prosseguimento a seu plano de ganhar votos por meio de afirmações de grande impacto, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, disse ontem não querer que "a Itália se torne um país multiétnico e multicultural".
O premiê de centro-direita está em desvantagem de 3 a 5 pontos nas pesquisas de intenção de voto para as legislativas dos próximos dias 9 e 10. No poder desde 2001, sua reeleição é ameaçada por Romano Prodi, líder da oposição de centro-esquerda e ex-presidente da Comissão Européia.
Sua rejeição à multietnicidade agrada setores conservadores da população que associam a imigração ao aumento da criminalidade. Economistas e demógrafos acreditam que só o ingresso constante de imigrantes compensará a baixa taxa de natalidade no país. "Não daremos as boas-vindas àqueles que prejudicam e põem em perigo os cidadãos italianos", disse.
Na sexta-feira o presidente Carlo Ciampi apelou para que a campanha "baixasse de tom" para não gerar tensões artificiais.
A oposição viu no apelo de Ciampi um puxão de orelha em Berlusconi, para quem "a democracia está em perigo", as esquerdas "alimentam a violência" e "há fuga de capitais". O premiê tem ainda acusado a oposição de "mentir" sobre a suposta estagnação econômica, por não levar em conta a produção informal.
Associando o bloco de centro-esquerda aos comunistas, o premiê afirmou há quatro dias que, nos tempos de Mao Tsé-Tung, os comunistas chineses "não chegavam a comer crianças, mas as ferviam para adubar a lavoura".
As pesquisas eleitorais estão desde sábado proibidas na Itália. Com um quarto do eleitorado indeciso, o primeiro-ministro acredita poder reconquistar espaço incitando temores.
O "Corriere della Sera" divulgou ontem que entre 1º de janeiro e 15 de março os três canais de TV da Mediaset, nas quais o premiê tem 38% do capital, deram a ele 10 horas e 21 minutos de exposição, contra uma hora e 35 minutos para o oposicionista Romano Prodi.


Com agências internacionais

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