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Murphy e Saá denunciam fraude
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
As denúncias de fraude na disputa presidencial argentina começaram a surgir antes mesmo
que os eleitores terminassem de
votar. A primeira delas foi feita
por Ricardo López Murphy, candidato do partido Movimento Federal Recrear, e que até o final da
última semana era citado como
um dos cinco favoritos pelas pesquisas de intenção de voto.
Segundo o candidato, suas cédulas de votação foram destruídas, queimadas e roubadas em algumas Províncias do país. No final da tarde, assessores de
Murphy e do candidato peronista
Adolfo Rodríguez Saá (Aliança
Frente Movimento Popular) afirmaram que alguns meios de comunicação no interior do país estavam violando a lei eleitoral que
proíbe a divulgação dos resultados de boca-de-urna antes do término da votação, às 18h.
Os assessores de Saá disseram
que houve manipulação de informação e que os resultados das
pesquisas de boca-de-urna divulgados de forma irregular favoreciam candidatos adversários. Isso, segundo eles, poderia influenciar o voto dos eleitores, que tendem a optar por um candidato
que apresente "maiores chances
de vitória" nas pesquisas.
Na manhã de ontem, a juíza
eleitoral federal María Servini de
Cúbria, disse que, se fossem registrados casos de denúncia de fraude, a solução seria abrir novamente as urnas e recontar os votos. "Pode haver algum erro de
apuração, mas é impossível haver
fraude. Se houver, teremos que
abrir as urnas e recontar os votos", disse em entrevista para a rádio Mitre, de Buenos Aires.
"O sistema eleitoral não se modernizou. O fato de eles não terem
uma cédula única de votação aumenta o risco de fraude", afirma o
cientista político Cláudio Couto,
da PUC de São Paulo e que está
em Buenos Aires para acompanhar e analisar o processo eleitoral do país. Na Argentina, são utilizadas cédulas individuais, impressas pelos próprios candidatos. As cédulas são disponibilizadas dentro das seções eleitorais e
há casos em que os eleitores trazem o voto de casa. "Esse é um sistema arcaico, que foi extinto no
Brasil nos anos 40 e deve ter quem
se beneficie dele", disse Couto.
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