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São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2003

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Murphy e Saá denunciam fraude

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

As denúncias de fraude na disputa presidencial argentina começaram a surgir antes mesmo que os eleitores terminassem de votar. A primeira delas foi feita por Ricardo López Murphy, candidato do partido Movimento Federal Recrear, e que até o final da última semana era citado como um dos cinco favoritos pelas pesquisas de intenção de voto.
Segundo o candidato, suas cédulas de votação foram destruídas, queimadas e roubadas em algumas Províncias do país. No final da tarde, assessores de Murphy e do candidato peronista Adolfo Rodríguez Saá (Aliança Frente Movimento Popular) afirmaram que alguns meios de comunicação no interior do país estavam violando a lei eleitoral que proíbe a divulgação dos resultados de boca-de-urna antes do término da votação, às 18h.
Os assessores de Saá disseram que houve manipulação de informação e que os resultados das pesquisas de boca-de-urna divulgados de forma irregular favoreciam candidatos adversários. Isso, segundo eles, poderia influenciar o voto dos eleitores, que tendem a optar por um candidato que apresente "maiores chances de vitória" nas pesquisas.
Na manhã de ontem, a juíza eleitoral federal María Servini de Cúbria, disse que, se fossem registrados casos de denúncia de fraude, a solução seria abrir novamente as urnas e recontar os votos. "Pode haver algum erro de apuração, mas é impossível haver fraude. Se houver, teremos que abrir as urnas e recontar os votos", disse em entrevista para a rádio Mitre, de Buenos Aires.
"O sistema eleitoral não se modernizou. O fato de eles não terem uma cédula única de votação aumenta o risco de fraude", afirma o cientista político Cláudio Couto, da PUC de São Paulo e que está em Buenos Aires para acompanhar e analisar o processo eleitoral do país. Na Argentina, são utilizadas cédulas individuais, impressas pelos próprios candidatos. As cédulas são disponibilizadas dentro das seções eleitorais e há casos em que os eleitores trazem o voto de casa. "Esse é um sistema arcaico, que foi extinto no Brasil nos anos 40 e deve ter quem se beneficie dele", disse Couto.


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