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Virtual eleito quer fortalecer vínculo com o Brasil
DO ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO
Eleito ontem presidente
do Paraguai para um mandato de cinco anos, o ex-jornalista Nicanor Duarte Frutos disse à Folha que pretende fortalecer as relações do
Paraguai com o Brasil e lutar
pela consolidação do Mercosul como requisito necessário para a negociação da Alca [Área de Livre Comércio
das Américas].
"O Mercosul, para mim, é
fundamental. Concordo
com a posição do presidente
Lula, de que temos que aumentar a integração regional
do bloco, se possível integrando-o também ao Pacto
Andino", disse. "Somente se
tivermos um Mercosul coeso teremos maior capacidade de negociar a entrada à
Alca com critérios razoáveis
de defesa para as nossas economias", afirmou.
Para ele, nem mesmo o
Brasil ou a Argentina, parceiros mais fortes do bloco,
têm condições de negociar
sozinhos. "Individualmente
não somos nada", disse.
Questionado sobre a relação bilateral entre o Brasil e o
Paraguai, Duarte Frutos citou uma oferta, feita pelo
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social) para empréstimos para investimentos no
país. "Numa visita no ano
passado, o presidente [Fernando Henrique" Cardoso
falou na possibilidade de o
BNDES emprestar US$ 700
milhões para obras de infra-estrutura viária no Paraguai
e de outros US$ 700 milhões
para empresários brasileiros
que queiram se instalar do
lado paraguaio da fronteira,
no Alto Paraná, com a intenção de integrar toda a região
leste do Paraguai na cadeia
produtiva do Mercosul."
A importância do Brasil
para a economia paraguaia
pode ser medida pelos dados
do comércio exterior do
país. O Brasil é o primeiro
exportador para o país
-US$ 2,4 milhões no total,
no ano passado- e também
o primeiro importador dos
produtos locais -US$ 2,3
milhões no ano passado. Para o Brasil, porém, o Paraguai é apenas o 27º mercado
importador e o 22º mercado
para exportações.
Durante a campanha, os
candidatos prometeram lutar pela revisão do contrato
de fornecimento de energia
elétrica da usina de Itaipu. A
intenção é elevar os valores
da energia vendida ao Brasil
e eliminar as dívidas paraguaias pela construção da
usina. Brasil e Paraguai têm
direito, cada um a 50% da
energia produzida, mas, como o Paraguai só consome
7%, o excedente é vendido
ao Brasil, representando
25% das receitas orçamentárias do país.
(RW)
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