|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTIGO
A chegada de um desconhecido
STEFAN CUNHA UJVARI
ESPECIAL PARA A FOLHA
NO ÚLTIMO FINAL de
semana a humanidade
tomou conhecimento
de uma nova epidemia de gripe.
O novo vírus influenza (H1N1)
surgiu em porcos mexicanos. A
história se repete. As últimas
duas pandemias também surgiram de animais, porém no sudeste asiático. Uma ocorreu em
1957 pelo H2N2, e a outra em
1968 pelo H3N2. Ambas se
alastraram pelo planeta e mataram pouco mais de um milhão de pessoas cada.
O influenza atual formou-se
por mistura genética de diferentes vírus influenza no organismo de porco no México.
Conclusão: surgiu um vírus influenza desconhecido. As secreções e líquidos desses animais transmitiram o vírus ao
homem a exemplo do que ocorreu com o influenza H5N1 há
seis anos, sobretudo na Ásia,
transmitido das aves ao homem. Mas esse vírus da gripe
suína conseguiu passar de homem a homem -o H5N1, não.
Portanto, iniciamos uma epidemia humana pelo vírus suíno. O vírus mostrou o poder de
disseminação de homem a homem, e novos casos devem surgir nas próximas horas.
Será difícil conter seu avanço. Mas, por outro lado, as medidas de prevenção organizadas pelos órgãos de saúde podem surtir efeito e reduzir sua
disseminação.
Dúvidas
Precisamos saber seu poder
de agressão e de mortalidade.
Até o momento, é cedo para sabermos como esse vírus se
comporta no homem.
O influenza H1N1 da gripe espanhola de 1918 agredia os pulmões e favorecia a pneumonia
por bactérias. Conclusão: mais
de 20 milhões de mortes pelo
planeta. Já o vírus da gripe
aviária H5N1 mostrou ser muito letal. Desencadeia inflamação importante nos pulmões e
mata mais da metade dos doentes -por sorte não consegue se
disseminar de pessoa a pessoa.
O diagnóstico de novos casos
dessa gripe suína implementará as estatísticas desse vírus e
então saberemos qual o grau de
mortalidade a que ele leva e
quais as lesões pulmonares.
Até o momento sabemos que
se trata de um novo vírus originado em porcos e com capacidade de transmissão pessoa a
pessoa. Estamos conhecendo o
início da epidemia. Os órgãos
de saúde internacionais tomarão as medidas cabíveis para
conter seu avanço.
Enquanto isso, a população
deverá tomar as medidas necessárias para evitar a transmissão do influenza.
O paciente com gripe deve
tossir ou espirrar em um lenço
para não disseminar o vírus pelo ambiente. Precisa ficar em
casa para se recuperar e também evitar a transmissão da
doença em aglomerados. A lavagem das mãos é fundamental
porque é uma forma de transmitir a doença aos outros. Evita-se tocar as mãos na boca, nariz e olhos.
STEFAN CUNHA UJVARI, 44, é autor de "A história da humanidade contada pelos vírus (Ed.
Contexto), médico infectologista do Hospital
Alemão Oswaldo Cruz de São Paulo e mestre em
doenças infecciosas pela Unifesp
Texto Anterior: Infectologistas desaconselham uso de antiviral Próximo Texto: Tigres Tâmeis: Governo do Sri Lanka promete relaxar cerco que matou 6.500 Índice
|