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Peru dá asilo político a opositor de Chávez
Manuel Rosales, acusado pela Justiça da Venezuela de enriquecimento ilícito, é o terceiro adversário do chavismo a que Lima dá abrigo
Prefeito oposicionista da segunda cidade do país, Rosales acusa Chávez de estar por trás do pedido de prisão preventiva contra ele
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O governo peruano concedeu
ontem asilo político ao líder
opositor venezuelano Manuel
Rosales, que acusa o presidente
Hugo Chávez de estar por trás
de uma ordem de prisão preventiva emitida contra ele.
"O governo peruano, fiel à
sua tradição histórica e ao seu
compromisso com o direito internacional, decidiu dar asilo
ao cidadão Manuel Rosales",
disse o chanceler José Antonio
García Belaunde, em audiência
no Congresso peruano.
"Não é o primeiro caso de um
venezuelano que pede asilo ao
governo peruano. Não há por
que alterar as relações diplomáticas com a Venezuela", disse ele mais tarde.
Até a conclusão desta edição,
o governo venezuelano não havia se pronunciado sobre a decisão. Horas antes do anúncio,
o chanceler Nicolás Maduros
havia chamado Rosales de "delinquente" e disse esperar que o
Peru o extraditasse.
Prefeito licenciado de Maracaibo (segunda maior cidade do
país), Rosales pediu asilo na semana passada, após faltar à audiência na qual seria julgado o
pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público.
Rosales não se pronunciou
ontem, depois de Belaunde ter-lhe pedido para não fazer declarações políticas no Peru. Mas o
seu advogado no país, Javier
Valle Riestra, disse que "este é
um grande triunfo democrático, um triunfo moral".
Depois que Rosales apareceu
no Peru, a Justiça venezuelana
solicitou à Interpol a sua captura, não efetuada pelo Peru porque o pedido de asilo já havia sido formalizado.
Rosales foi ameaçado de prisão por Chávez no ano passado,
durante a campanha eleitoral.
Na época, o presidente acusou-o de corrupto e disse que comandaria a "operação Manuel
Rosales vai preso".
Os ataques não impediram
que Rosales ganhasse a Prefeitura de Maracaibo e elegesse
seu sucessor no Estado de Zulia, o mais rico do país por sua
produção petroleira.
Logo após as eleições, Rosales foi indiciado pelo Ministério Público por suposto enriquecimento ilícito. Ele é acusado de não justificar US$ 68 mil
ganhos entre 2002 e 2004.
O ex-candidato presidencial
em 2006 nega as acusações e
acusa Chávez de estar por trás
do pedido de prisão. Na semana
passada, chamou-o de "ditadorzinho" e de "covarde", em
vídeo gravado no Peru.
Rosales é o terceiro opositor
de Chávez que recebe asilo do
governo Alan García, com
quem Caracas mantém uma relação distante após uma crise
diplomática em 2006, por causa da interferência, declarando
apoios, do mandatário venezuelano nas eleições no Peru.
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