São Paulo, terça-feira, 28 de abril de 2009

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Peru dá asilo político a opositor de Chávez

Manuel Rosales, acusado pela Justiça da Venezuela de enriquecimento ilícito, é o terceiro adversário do chavismo a que Lima dá abrigo

Prefeito oposicionista da segunda cidade do país, Rosales acusa Chávez de estar por trás do pedido de prisão preventiva contra ele

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O governo peruano concedeu ontem asilo político ao líder opositor venezuelano Manuel Rosales, que acusa o presidente Hugo Chávez de estar por trás de uma ordem de prisão preventiva emitida contra ele.
"O governo peruano, fiel à sua tradição histórica e ao seu compromisso com o direito internacional, decidiu dar asilo ao cidadão Manuel Rosales", disse o chanceler José Antonio García Belaunde, em audiência no Congresso peruano.
"Não é o primeiro caso de um venezuelano que pede asilo ao governo peruano. Não há por que alterar as relações diplomáticas com a Venezuela", disse ele mais tarde.
Até a conclusão desta edição, o governo venezuelano não havia se pronunciado sobre a decisão. Horas antes do anúncio, o chanceler Nicolás Maduros havia chamado Rosales de "delinquente" e disse esperar que o Peru o extraditasse.
Prefeito licenciado de Maracaibo (segunda maior cidade do país), Rosales pediu asilo na semana passada, após faltar à audiência na qual seria julgado o pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público.
Rosales não se pronunciou ontem, depois de Belaunde ter-lhe pedido para não fazer declarações políticas no Peru. Mas o seu advogado no país, Javier Valle Riestra, disse que "este é um grande triunfo democrático, um triunfo moral".
Depois que Rosales apareceu no Peru, a Justiça venezuelana solicitou à Interpol a sua captura, não efetuada pelo Peru porque o pedido de asilo já havia sido formalizado.
Rosales foi ameaçado de prisão por Chávez no ano passado, durante a campanha eleitoral. Na época, o presidente acusou-o de corrupto e disse que comandaria a "operação Manuel Rosales vai preso".
Os ataques não impediram que Rosales ganhasse a Prefeitura de Maracaibo e elegesse seu sucessor no Estado de Zulia, o mais rico do país por sua produção petroleira.
Logo após as eleições, Rosales foi indiciado pelo Ministério Público por suposto enriquecimento ilícito. Ele é acusado de não justificar US$ 68 mil ganhos entre 2002 e 2004.
O ex-candidato presidencial em 2006 nega as acusações e acusa Chávez de estar por trás do pedido de prisão. Na semana passada, chamou-o de "ditadorzinho" e de "covarde", em vídeo gravado no Peru.
Rosales é o terceiro opositor de Chávez que recebe asilo do governo Alan García, com quem Caracas mantém uma relação distante após uma crise diplomática em 2006, por causa da interferência, declarando apoios, do mandatário venezuelano nas eleições no Peru.


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