São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 2002

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Guerrilha manifesta disposição de negociar

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), principal grupo guerrilheiro colombiano, estão dispostas a dialogar com o presidente eleito da Colômbia, Alvaro Uribe, e a retomar o processo de paz, apesar de terem objeções às propostas do vitorioso.
"Tudo é possível. Consideramos muito importante a pressão da comunidade internacional para que possam ser abertos os caminhos do diálogo na Colômbia", disse a Comissão Internacional das Farc em resposta a e-mail da Agência Folha. "Esperamos que o novo presidente compreenda os anseios de paz do povo colombiano. Por isso, manifestamos que estamos dispostos a dialogar com ele a desmilitarização dos Estados de Putumayo e Caquetá."
As Farc afirmaram ainda que não querem mais ser chamadas de "terroristas" e criticaram as supostas relações entre Uribe e grupos paramilitares de direita. "Esperamos que o presidente deixe de chamar de terroristas as Farc e apresente uma política clara dentro de seu plano de governo de combate aos paramilitares, seus financiadores e patrocinadores."
O grupo afirmou que houve fraudes na eleição de anteontem. Segundo as Farc, títulos eleitorais de pessoas mortas teriam sido usados. "Há muito anos que na Colômbia não ocorrem eleições limpas. Portanto, não são expressão da democracia. Os mortos que ontem saíram a votar já estão de novo no cemitério."
Para o grupo, seria necessário elaborar uma nova Constituição para legitimar a democracia. "Em vez de fazer essa farsa na eleição, propusemos uma Assembléia Constituinte. Mas não encontramos ouvidos receptivos."

Brasil
As Farc negam envolvimento em incidentes na fronteira com o Brasil em fevereiro, quando índios macus acusaram o grupo de ameaçá-los, e na recente troca de tiros com militares que participaram da Operação Tapuru, das Forças Armadas brasileiras.
"Estamos impedidos de fazer ações militares no território de países vizinhos. E compreendemos perfeitamente que cada país tem a responsabilidade de cuidar de suas fronteiras. Só que esperamos reciprocidade", disseram.
"Não há razão para pensar que somos inimigos. Jamais. O conflito social e armado é dos colombianos e deve ser resolvido pelos colombianos", afirmou o grupo. "Precisamos do apoio. É aí que esse importante país, o Brasil, pode nos ajudar, com a autoridade moral de quem respeita a autodeterminação dos povos."



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