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Guerrilha manifesta disposição de negociar
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), principal grupo guerrilheiro colombiano, estão dispostas a dialogar com
o presidente eleito da Colômbia,
Alvaro Uribe, e a retomar o processo de paz, apesar de terem objeções às propostas do vitorioso.
"Tudo é possível. Consideramos muito importante a pressão
da comunidade internacional para que possam ser abertos os caminhos do diálogo na Colômbia",
disse a Comissão Internacional
das Farc em resposta a e-mail da
Agência Folha. "Esperamos que o
novo presidente compreenda os
anseios de paz do povo colombiano. Por isso, manifestamos que
estamos dispostos a dialogar com
ele a desmilitarização dos Estados
de Putumayo e Caquetá."
As Farc afirmaram ainda que
não querem mais ser chamadas
de "terroristas" e criticaram as supostas relações entre Uribe e grupos paramilitares de direita. "Esperamos que o presidente deixe
de chamar de terroristas as Farc e
apresente uma política clara dentro de seu plano de governo de
combate aos paramilitares, seus
financiadores e patrocinadores."
O grupo afirmou que houve
fraudes na eleição de anteontem.
Segundo as Farc, títulos eleitorais
de pessoas mortas teriam sido
usados. "Há muito anos que na
Colômbia não ocorrem eleições
limpas. Portanto, não são expressão da democracia. Os mortos
que ontem saíram a votar já estão
de novo no cemitério."
Para o grupo, seria necessário
elaborar uma nova Constituição
para legitimar a democracia. "Em
vez de fazer essa farsa na eleição,
propusemos uma Assembléia
Constituinte. Mas não encontramos ouvidos receptivos."
Brasil
As Farc negam envolvimento em incidentes na fronteira com o Brasil em fevereiro, quando índios macus acusaram o grupo de ameaçá-los, e na recente troca de tiros com militares que participaram da Operação Tapuru, das Forças Armadas brasileiras.
"Estamos impedidos de fazer ações militares no território de países vizinhos. E compreendemos perfeitamente que cada país tem a responsabilidade de cuidar de suas fronteiras. Só que esperamos reciprocidade", disseram.
"Não há razão para pensar que somos inimigos. Jamais. O conflito social e armado é dos colombianos e deve ser resolvido pelos colombianos", afirmou o grupo.
"Precisamos do apoio. É aí que esse importante país, o Brasil, pode
nos ajudar, com a autoridade moral de quem respeita a autodeterminação dos povos."
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