São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Cerca de 50 ficam feridos em explosão em cidade perto de Tel Aviv; Israel fala em operação "Muro Protetor 2"

Suicida palestino mata bebê e mulher

DA REDAÇÃO

Um suicida palestino matou ontem pelo menos duas pessoas -um bebê de um ano e meio e uma mulher- em frente a um restaurante situado num shopping center de Petah Tikva (a 10 km de Tel Aviv, em Israel).
Cerca de 50 pessoas ficaram feridas na explosão, às 18h53 (12h53 em Brasília), reivindicada pelas Brigadas dos Mártires de Al Aqsa - ligadas ao Fatah, grupo político do líder palestino Iasser Arafat. Havia várias crianças entre os feridos. Elas estavam no café atacado e numa sorveteria próxima no momento do atentado.
Carrinhos de bebês jaziam entre os destroços. "Eu vi um bebê que ficou com metade da face normal e a outra metade aberta em sangue e carne", disse Shai Gat, 19, soldado que ajudou nos trabalhos de resgate. "Pedaços de corpos voaram pelos ares. Há sangue cobrindo todo o chão."
Foi a quinta ação terrorista do gênero em Israel em pouco mais de uma semana. O prefeito de Petah Tikva, Yitzhak Ohayoun, disse que, apesar de alertas recebidos anteriormente, foi a primeira vez que ocorreu uma ação com homem-bomba na cidade.
Palestinos disseram que o suicida era Jihad Titi, 18, primo de um líder radical morto recentemente em ação israelense no campo de refugiados de Balata, na Cisjordânia. O comunicado das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa não revelava a identidade do terrorista.
Como de praxe, o governo de Israel voltou a atribuir a Arafat a responsabilidade pelo ataque. "Arafat é o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e é diretamente responsável pela inação de seus serviços de segurança", disse Dore Gold, assessor do premiê Ariel Sharon. "Ele fala sobre reformas, mas não faz nada contra o terrorismo."
Em comunicado, a ANP condenou o ataque e disse considerá-lo "prejudicial à causa e à imagem do povo palestino ante a opinião pública internacional".
A sequência de atentados suicidas em Israel reforçam os argumentos daqueles que diziam que a operação "Muro Protetor", lançada por Sharon no final de março para "eliminar a infra-estrutura terrorista" na Cisjordânia, não exterminaria por completo as atividades dos extremistas palestinos.
O ministro da Segurança Interna, Uzi Landau, disse ontem que o país deve se preparar para uma operação "Muro Protetor 2", na qual a faixa de Gaza -território poupado na ofensiva de seis semanas na Cisjordânia- seria incluída. Suas declarações refletem a irritação de setores mais à direita da coalizão de governo com a recusa nas últimas semanas do premiê em adotar retaliações mais pesadas contra atentados.
Na quarta-feira passada, um suicida matou duas pessoas em Rishon Letzion, perto de Tel Aviv, na segunda ação do gênero nessa cidade em duas semanas. Em 7 de maio, outro militante matara 15 pessoas num clube de bilhar.
Na quinta, dois grandes atos terroristas fracassaram por pouco -um contra um depósito de combustíveis, outro em uma discoteca, ambos em Tel Aviv.
Desde setembro de 2000, quando começou a Intifada (levante), já foram registrados cerca de 60 atentados suicidas. Segundo Israel, o número poderia ser bem maior, não fosse a forte atuação de seus serviços de segurança, impedindo dezenas de ataques.

Belém reocupada
Dezenas de blindados e tanques do Exército de Israel reocuparam ontem Belém, na Cisjordânia, impondo um toque de recolher à população. A cidade palestina havia ficado cerca de seis semana sob controle israelense, até 10 de maio, quando as partes chegaram a um acordo para o fim do cerco a militantes palestinos armados que haviam se refugiado na igreja da Natividade após a entrada de Israel na cidade. Ontem, soldados bloquearam o acesso ao local para impedir nova invasão da igreja.
No campo de refugiados de Dheisheh, perto de Belém, Israel prendeu um líder local das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, Ahmed Mughrabi, suspeito de ter recrutado dois suicidas. Os militares também fizeram novas incursões em Beit Sahour, onde fecharam uma estação de rádio, e na periferia de Ramallah.


Com agências internacionais


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