São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 2002

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Itália abriga cúpula histórica Rússia-Otan

STEPHEN CASTLE
DO ""THE INDEPENDENT", EM PRATICA DI MARE (ITÁLIA)

Preparando-se para uma reunião de cúpula histórica na qual a Otan (aliança militar ocidental) e a Rússia vão selar uma nova aliança baseada no combate ao terrorismo, o governo italiano colocou 15 mil policiais e soldados em estado de alerta, barrou o acesso a quilômetros de praias e fechou o aeroporto de Roma à maior parte do tráfego aéreo.
A cúpula de hoje, que terá lugar numa base aérea militar próxima a Roma, vai prometer uma nova era de cooperação entre os antigos inimigos da Guerra Fria, quando a Otan e a Rússia, pela primeira vez, assumirem o compromisso de adotar uma série de políticas comuns. Embora sua duração seja prevista para pouco mais de cinco horas, o encontro entre os presidentes russo e americano, Vladimir Putin e George W. Bush, e os líderes dos outros países da Otan criou um enorme desafio de segurança.
Em meio a intensos temores de um possível ataque da rede terrorista Al Qaeda, caças foram colocados a postos, e helicópteros e aviões de vigilância aérea sobrevoam Roma. Embarcações da Marinha patrulham a costa, e uma bateria de mísseis antiaéreos foi posta em alerta. O vizinho aeroporto romano de Fiumicino cancelou muitos dos vôos comerciais de hoje, e cerca de 15 km de praias turísticas perto da base de Pratica di Mare foram fechadas.
Autoridades italianas estimaram o custo total da cúpula em US$ 12 milhões. Seguindo instruções do premiê Silvio Berlusconi, um saguão na base está sendo transformado no palco para a cerimônia, com anfiteatro e estátuas de mármore.
A reunião será em grande medida simbólica, porque os detalhes da nova aproximação entre a Rússia e os 19 países da Otan já foram discutidos e decididos previamente.
Os dois lados concordaram em cooperar no combate ao terrorismo e à proliferação de armas, em operações de defesa, buscas e resgates, planejamento em emergências civis e ações de manutenção da paz.
A cooperação da Rússia com os EUA após os ataques de 11 de setembro foi o que lançou as bases para o acordo, que será voltado especialmente ao combate ao terrorismo. Mas os diplomatas esperam que o novo relacionamento vá mais longe. ""Nossas posições estão coincidindo com as russas em uma área após outra. Estamos dizendo a mesma coisa, e, espero fazendo também", disse um diplomata europeu.
Alguns grupos de direitos humanos temem que, de agora em diante, o Ocidente passe a ignorar o comportamento russo na República separatista russa da Tchetchênia. Elizabeth Anderson, diretora-executiva do departamento de Europa e Ásia Central da organização Human Rights Watch, disse: ""A Rússia está ganhando o direito de ser membro da Otan em igualdade de condições com os outros, apesar de suas Forças Armadas serem conhecidas pelas violações que cometem na Tchetchênia".



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