São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2004

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VENEZUELA

Movimento contrário ao presidente tem de revalidar assinaturas já recolhidas; Caracas acusa líder da OEA de ser suspeito

Oposição tem 3 dias para coletar assinaturas anti-Chávez

FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO

A novela venezuelana de cerca de um ano em torno da realização de um referendo para decidir sobre a saída do presidente Hugo Chávez chega neste fim de semana ao seu capítulo final. De hoje até domingo, será a última chance de a oposição obter as assinaturas necessárias para convocar o voto.
A tarefa não é fácil. Segundo as regras estabelecidas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a oposição tem três dias para revalidar cerca de 600 mil assinaturas.
Para tentar diminuir a tensão, a OEA (Organização dos Estados Americanos) e o Centro Carter, que são observadores internacionais, serão representados respectivamente pelo secretário-geral, Cesar Gaviria, e pelo ex-presidente dos EUA Jimmy Carter.
Ontem, o vice-presidente venezuelano, José Vicente Rangel, afirmou que, por ter simpatia pela oposição, Fernando Jaramillo, chefe da missão da OEA, tem de deixar seu posto, o que fez com que Gaviria anunciasse que comandaria a missão da entidade. Ele deve chegar hoje a Caracas.
O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, defendeu ontem a missão da OEA, dizendo que ela dá "credibilidade" ao processo.
Em entrevista à Folha, Felipe Mujica, da Coordenação Democrática (CD, coalizão oposicionista), assegura que a oposição terá ampla margem para a convocação do referendo.
Os cálculos governistas, naturalmente, vão na direção oposta. Willian Lara, que representa Chávez no CNE, estima que ao menos 200 mil assinaturas das 1,9 milhão coletadas e validadas na campanha anterior, em dezembro, sejam retiradas do pedido, barrando o referendo. O CNE pretende divulgar até a sexta-feira se haverá plebiscito -em 8 de agosto.
A corrida da oposição é também contra o relógio. Caso o plebiscito seja adiado para depois de 19 de agosto, sua realização não interessa tanto à oposição, já que, se Chávez perder, será substituído por seu vice, o aliado Rangel, em vez da convocação de novas eleições presidenciais. O mandato de Chávez acaba em 2007.
O histórico de confrontos violentos de rua, a recente prisão de supostos paramilitares acusados de envolvimento numa tentativa de golpe de Estado e as inflamadas afirmações de lado a lado puseram o país em altíssima tensão.


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