|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Foco na segurança continua, diz Uribe
DA ENVIADA A BOGOTÁ
Num provável segundo mandato, a política de "segurança
democrática" continuará a ser
o eixo do governo Álvaro Uribe,
sem mudanças na estratégia de
atacar militarmente as Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
"Não há mudança de opinião.
A política de "segurança democrática" é o caminho para a reconciliação nacional. Se em alguma coisa avançamos neste
governo é que, graças à "segurança democrática", passamos
das garantias retóricas às garantias efetivas", disse ontem
Uribe em uma entrevista coletiva com jornalistas estrangeiros da qual a Folha participou.
"Esse não é o mesmo país de
que há quatro anos. Quando
você tem 30 mil paramilitares
desmobilizados, não é uma
questão de aceitar teses, mas
de reconhecer os fatos."
"Na medida em que a Colômbia derrote o terrorismo, isso
beneficia nossos vizinhos. Porque quando os terroristas não
podem seqüestrar na Colômbia, seqüestram nos países vizinhos. Eles não têm fronteiras."
Nas últimas semanas, Uribe
havia sinalizado a possibilidade
de criação de uma área desmilitarizada para as Farc, para dar
início às conversações -afirmação interpretada por muitos
como uma jogada eleitoral.
Segundo María Consuelo
Araújo, coordenadora programática da campanha à reeleição, o governo pode negociar,
mas sob condições. "Na medida
em que haja vontade de negociar, será aberto espaço para
qualquer grupo que se incorpore à vida civil, desde que cessem as hostilidades", disse à
Folha. "O programa de governo
diz: avançar com as Farc em
acordo que, como objetivo fundamental, se encaminhe à liberação imediata e sem condições das pessoas seqüestradas,
ou seja, sem intercâmbio humanitário", completou.
Para os analistas, porém, pode não ser tão simples. "O presidente é pragmático e já se dá
conta de que com uma política
de paz tão dura não vai conseguir uma aproximação com a
guerrilha. Então, sua política
de paz começa a ser mais branda", diz Alfredo Rangel, ex-assessor de Segurança Nacional.
Segundo ele, essa nova tendência já está em andamento.
Uribe iniciou conversas com o
ELN (Exército de Libertação
Nacional) sem que houvesse
uma trégua incondicional, uma
das exigências antes feita.
Rangel diz ainda que, tacitamente, o governo já aceitou
que sejam incluídos temas políticos nas conversações: "Propôs às Farc realizar uma Assembléia Nacional Constituinte ao final dos diálogos".
"Tudo está pendente. Mas o
importante é que o governo reconhece a guerrilha como uma
contraparte legítima para fazer
uma negociação política."
Mas isso não significa o fim
da ofensiva militar. "Mantemos a disposição para combater o terrorismo com toda firmeza e para negociar a paz com
toda a ferocidade", disse Uribe.
Apesar de Araújo dizer que o
segundo mandato dará maior
ênfase à ação social, especialistas esperam poucas mudanças.
Na economia, será hora de aplicar o Tratado de Livre Comércio com os EUA -que ainda depende da aprovação.
(CAROLINA VILA-NOVA)
Texto Anterior: Contra a corrente, Uribe deve vencer hoje Próximo Texto: "Não estamos seguros", afirma marido de ex-senadora refém Índice
|