São Paulo, domingo, 28 de maio de 2006

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"Não estamos seguros", afirma marido de ex-senadora refém

SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Você acha que ela voltará?". "Sim, mas só depois que acabar esse mandato de Álvaro Uribe que, praticamente, começa hoje". Assim, pessimista e rancoroso com o atual presidente colombiano, está Juan Carlos Lecompte, 47. Ele é marido da ex-senadora e ex-candidata a Presidência da Colômbia, Ingrid Betancour.
Seqüestrada pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em 23 de fevereiro de 2002, Betancour, 46, é mantida refém da guerrilha desde então.
Decepcionado com o que considera falta de interesse do governo colombiano com relação ao problema dos seqüestrados, Lecompte agora apela a organizações internacionais.
Acaba de fechar uma campanha para a televisão com patrocínio de uma instituição belga e programa para junho um vôo sobre a região da floresta tomada pela facção em que acredita que sua mulher esteja. "Visitei alguns guerrilheiros presos, e eles me deram pistas de onde ela pode estar. Creio que quem a mantém presa é a facção Sul, comandada por Raul Reyes, e que fica numa área da fronteira com o Equador e o Peru", contou à Folha.
Do avião, Lecompte vai jogar fotografias dos dois filhos de Ingrid feitas recentemente em uma viagem dele para a França. "Eles estão crescendo rápido, quero que ela veja como estão virando adultos, tenho esperança de que as fotos cheguem a ela." Ambos, que são adolescentes, vivem em Paris com o pai -o primeiro marido da ex-senadora.
"Acho bom que não estejam na Colômbia enquanto a mãe está nessa situação. Lá eles se preservam um pouco mais. É muito duro ter alguém da família sofrendo próximo a você e não poder fazer nada", diz.
Lecompte é muito duro ao criticar Uribe. "Ele montou a campanha com esse discurso de que está acabando com a guerrilha, mas é mentira. Ele consegue fazer transparecer uma idéia de que estamos mais seguros em seu governo, mas não é verdade. E os seqüestrados, enquanto ele estiver no poder, vão continuar a apodrecer na selva."
Betancour -que disputava com Uribe a eleição de 2002, pelo Partido Verde Oxigênio- estava em plena campanha quando foi seqüestrada, na cidade de San Vicente del Caguán, junto com sua chefe de campanha, Clara Rojas.
Desde então, apenas duas gravações em vídeo com ela foram exibidas, a última em agosto de 2003. Mas Lecompte, que está casado com Betancour há dez anos (contando os quatro em que ela está seqüestrada) é otimista. "Ela está viva", diz.


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