|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Não estamos seguros", afirma marido de ex-senadora refém
SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Você acha que ela voltará?".
"Sim, mas só depois que acabar
esse mandato de Álvaro Uribe
que, praticamente, começa hoje". Assim, pessimista e rancoroso com o atual presidente colombiano, está Juan Carlos Lecompte, 47. Ele é marido da ex-senadora e ex-candidata a Presidência da Colômbia, Ingrid
Betancour.
Seqüestrada pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia) em 23 de fevereiro de 2002, Betancour, 46, é
mantida refém da guerrilha
desde então.
Decepcionado com o que
considera falta de interesse do
governo colombiano com relação ao problema dos seqüestrados, Lecompte agora apela a organizações internacionais.
Acaba de fechar uma campanha para a televisão com patrocínio de uma instituição belga e
programa para junho um vôo
sobre a região da floresta tomada pela facção em que acredita
que sua mulher esteja. "Visitei
alguns guerrilheiros presos, e
eles me deram pistas de onde
ela pode estar. Creio que quem
a mantém presa é a facção Sul,
comandada por Raul Reyes, e
que fica numa área da fronteira
com o Equador e o Peru", contou à Folha.
Do avião, Lecompte vai jogar
fotografias dos dois filhos de
Ingrid feitas recentemente em
uma viagem dele para a França.
"Eles estão crescendo rápido,
quero que ela veja como estão
virando adultos, tenho esperança de que as fotos cheguem
a ela." Ambos, que são adolescentes, vivem em Paris com o
pai -o primeiro marido da ex-senadora.
"Acho bom que não estejam
na Colômbia enquanto a mãe
está nessa situação. Lá eles se
preservam um pouco mais. É
muito duro ter alguém da família sofrendo próximo a você e
não poder fazer nada", diz.
Lecompte é muito duro ao
criticar Uribe. "Ele montou a
campanha com esse discurso
de que está acabando com a
guerrilha, mas é mentira. Ele
consegue fazer transparecer
uma idéia de que estamos mais
seguros em seu governo, mas
não é verdade. E os seqüestrados, enquanto ele estiver no
poder, vão continuar a apodrecer na selva."
Betancour -que disputava
com Uribe a eleição de 2002,
pelo Partido Verde Oxigênio-
estava em plena campanha
quando foi seqüestrada, na cidade de San Vicente del Caguán, junto com sua chefe de
campanha, Clara Rojas.
Desde então, apenas duas
gravações em vídeo com ela foram exibidas, a última em agosto de 2003. Mas Lecompte, que
está casado com Betancour há
dez anos (contando os quatro
em que ela está seqüestrada) é
otimista. "Ela está viva", diz.
Texto Anterior: Foco na segurança continua, diz Uribe Próximo Texto: Historiador trata de ferida alemã 60 anos após a guerra Índice
|