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Últimas horas no ar mostram choro e desafio
DE CARACAS
No último dia da RCTV
em sinal aberto, a emissora oposicionista transmitiu ao vivo um emocionado programa especial. Intitulado "Um amigo é para
sempre", misturou depoimentos de estrelas e funcionários com imagens de
programas, com destaque
para as suas telenovelas.
Reunidos no estúdio, os
artistas, muitos chorando,
falavam sobre sua trajetória na emissora.
Nos intervalos, anúncios sobre a sua programação desafiavam o fim das
transmissões, encerradas
às 23h59 de ontem. "Se
triunfa a liberdade, "rochelearemos" juntos na segunda-feira", dizia o anúncio do "Rádio Rochela",
programa humorístico
que está no "Guinness", livro dos recordes, por estar
no ar há mais de 40 anos.
Já no canal governista
VTV, as imagens se intercalavam entre a manifestação em favor de Hugo
Chávez, no centro da cidade, e a campanha para angariar filiados ao governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela).
Guarda militar
Desde anteontem, instalações da RCTV espalhadas pelo país estão sendo
resguardadas por militares, depois que o Supremo
determinou que serão usadas para as transmissões
da nova emissora estatal
Tves (lê-se "te ves", "você
se vê", na tradução para o
português).
Criada há uma semana
de forma improvisada, a
Tves ainda não possui
equipamentos para fazer a
transmissão em nível nacional, como a RCTV.
O ministro das Comunicações, Willian Lara, disse
ontem que não se trata de
"confisco", mas de "garantia temporária" e prometeu devolver os equipamentos assim que a Tves
puder transmitir com seus
próprios recursos.
Fundada há 53 anos, a
RCTV, com cerca de 2.800
funcionários, é a mais antiga do país. Segundo o jornal "El Universal", foi a líder de audiência no país
nos últimos cinco anos,
com uma média de 33%
dos espectadores.
Cabo
O ministro Lara voltou a
dizer ontem que a RCTV
só perdeu a concessão do
sinal aberto e que ainda
tem o direito a transmitir
por TV a cabo. Questionado sobre essa possibilidade, o diretor da RCTV,
Marcel Granier, acusou o
governo de tentar impedir
que a emissora continue
via TV a cabo.
"Neste momento, não
sabemos qual é a nossa situação, sabemos que existem muitas pressões do
governo para que nos tirem do cabo também",
disse, em entrevista coletiva à noite na sede da emissora. "Vamos explorar todas as possibilidades para
preservar esta empresa,
esta fonte de trabalho, mas
estamos encontrando
muitos obstáculos."
(FM)
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