São Paulo, segunda-feira, 28 de maio de 2007

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Últimas horas no ar mostram choro e desafio

DE CARACAS

No último dia da RCTV em sinal aberto, a emissora oposicionista transmitiu ao vivo um emocionado programa especial. Intitulado "Um amigo é para sempre", misturou depoimentos de estrelas e funcionários com imagens de programas, com destaque para as suas telenovelas.
Reunidos no estúdio, os artistas, muitos chorando, falavam sobre sua trajetória na emissora.
Nos intervalos, anúncios sobre a sua programação desafiavam o fim das transmissões, encerradas às 23h59 de ontem. "Se triunfa a liberdade, "rochelearemos" juntos na segunda-feira", dizia o anúncio do "Rádio Rochela", programa humorístico que está no "Guinness", livro dos recordes, por estar no ar há mais de 40 anos.
Já no canal governista VTV, as imagens se intercalavam entre a manifestação em favor de Hugo Chávez, no centro da cidade, e a campanha para angariar filiados ao governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela).

Guarda militar
Desde anteontem, instalações da RCTV espalhadas pelo país estão sendo resguardadas por militares, depois que o Supremo determinou que serão usadas para as transmissões da nova emissora estatal Tves (lê-se "te ves", "você se vê", na tradução para o português).
Criada há uma semana de forma improvisada, a Tves ainda não possui equipamentos para fazer a transmissão em nível nacional, como a RCTV.
O ministro das Comunicações, Willian Lara, disse ontem que não se trata de "confisco", mas de "garantia temporária" e prometeu devolver os equipamentos assim que a Tves puder transmitir com seus próprios recursos.
Fundada há 53 anos, a RCTV, com cerca de 2.800 funcionários, é a mais antiga do país. Segundo o jornal "El Universal", foi a líder de audiência no país nos últimos cinco anos, com uma média de 33% dos espectadores.

Cabo
O ministro Lara voltou a dizer ontem que a RCTV só perdeu a concessão do sinal aberto e que ainda tem o direito a transmitir por TV a cabo. Questionado sobre essa possibilidade, o diretor da RCTV, Marcel Granier, acusou o governo de tentar impedir que a emissora continue via TV a cabo.
"Neste momento, não sabemos qual é a nossa situação, sabemos que existem muitas pressões do governo para que nos tirem do cabo também", disse, em entrevista coletiva à noite na sede da emissora. "Vamos explorar todas as possibilidades para preservar esta empresa, esta fonte de trabalho, mas estamos encontrando muitos obstáculos." (FM)


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