São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2004

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Otan tenta reduzir rixa em Istambul

DA REDAÇÃO

Os líderes dos 26 países da Otan começaram a se reunir ontem em Istambul (Turquia) para uma reunião de cúpula até terça-feira vista como uma oportunidade para reparar as divisões causadas pela Guerra do Iraque, após o anúncio vago de um acordo para que a aliança militar ocidental treine as forças de segurança iraquianas.
"Estamos trabalhando juntos para fazer com que a Otan seja configurada militarmente para combater as ameaças do século 21", disse o presidente dos EUA, George W. Bush, ressaltando a necessidade de reformular uma organização criada na Guerra Fria para opor-se ao bloco soviético.
Estimados 40 mil manifestantes marcharam em Istambul em protesto contra Bush, a Otan e a presença americana no Oriente Médio, apesar de o presidente americano ter elogiado a democracia turca como um modelo para o mundo islâmico e defendido enfaticamente a entrada da Turquia na União Européia, um dos principais objetivos da política externa do país.
"Aprecio muito o exemplo que seu país estabeleceu de como ser um país islâmico e ao mesmo tempo um país que abraça a democracia e a liberdade", disse Bush em encontro com o premiê Racep Tayip Erdogan na capital Ancara antes de seguir para Istambul. "Creio que a União Européia deve estabelecer uma data para a sua entrada" no bloco, acrescentou ele, em sua primeira visita ao país.
O esquema de segurança sem precedentes em Istambul (23 mil homens) impediu que os manifestantes tivessem contato mais próximo com o presidente. Pequenos atentados na semana passada na cidade deixaram ao menos quatro mortos.
Após reunião de cúpula com os líderes da União Européia anteontem na Irlanda, Bush usou o acordo da Otan para dizer que as desavenças de Washington com tradicionais aliados europeus por causa da Guerra do Iraque estavam encerradas.

Acordo mínimo
Mas diplomatas disseram que o treinamento de tropas foi o mínimo denominador comum alcançado e que países como França e Alemanha seguiam contrários a qualquer envio de tropas sob a bandeira da Otan ao Iraque, embora 16 dos 26 membros da aliança tenham enviado tropas ao país.
O secretário-geral da aliança ocidental, Jaap de Hoop Scheffer, disse que existe "um novo momento na cooperação transatlântica". Ele sugeriu que o unilateralismo advogado por neoconservadores da administração Bush, que minimizaram a importância da Otan, está em baixa: "Os unilateralistas americanos que pensaram que os EUA não precisavam de aliados perceberam que o país não só precisa deles, mas também da aliança".
A falta de detalhes sobre o acordo para o treinamento das forças iraquianas, atendendo a um pedido do futuro governo interino do país, sugere que ainda podem existir divergências mesmo em relação à limitada tarefa.
Os líderes dos países abriram o encontro com um jantar de gala ontem em Istambul.


Com agências internacionais

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