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Brasileira vence concurso de Miss Transexual Internacional em Madri
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
Nascida em Presidente
Prudente e criada no interior
do Paraná, a cabeleireira
Cristini Couto, 23, foi coroada Miss Transexual Internacional, em Madri, na Espanha, na noite de terça-feira.
Apesar da torcida organizada pela candidata da Venezuela, desta vez não houve
Miss Japão vencendo na última hora, como no passado
Miss Universo. O Brasil tinha três candidatas entre as
dez finalistas, a maior representação no concurso.
"Estava supernervosa, tremia. Não usei vestido exagerado como as drags. Estava
de mulher elegante, como
sou", disse Cristini à Folha.
Em um momento mais caliente, porém, ela tirou as
plumas, "bem simplezinhas", e mostrou os seios. "A
platéia foi à loucura", conta.
Desde os 14 anos, Cristini
é cabeleireira, como a mãe.
Mudou-se para Madri há
quatro anos, onde vive do salário de 1.500 mensais em
um salão de beleza e ainda
ganha até 200 por show
em várias discotecas locais.
Sonha em ser "uma diva,
como modelo em capas de
revistas". Não pretende voltar ao Brasil. "Na Espanha
não escuto piadinhas. As
trans não precisam se prostituir pra viver aqui", conta.
"No Brasil, ninguém luta
pelos seus direitos." Ela mora com o namorado Juan, 21,
que é de Goiânia e trabalha
na construção em Madri.
Lei para ser mulher
Graças a uma lei aprovada
em março, os transexuais espanhóis podem mudar seu
registro civil, adotando nome feminino e virando mulher perante a lei, sem exigir
cirurgia de mudança de sexo.
Isso faz que Cristini já
pense no próximo degrau da
nova carreira. "Quero ser
Miss Espanha e, depois, Miss
Universo."
A primeira edição do concurso coincide com a realização do EuroPride, festival
que pretende reunir 2,5 milhões de gays de toda a Europa na capital espanhola nesta semana.
Cerca de 1.500 pessoas assistiram ao Miss Trans, com
shows da transexual israelense Dana Internacional e
da espanhola Alaska, ex-musa de Pedro Almodóvar. A
mãe da vencedora viajou à
Espanha para apoiá-la.
O colombiano Pedro Ruiz,
que criou o prêmio, tem uma
agência de modelos. O prêmio para Cristini foi um cruzeiro pelo Mediterrâneo,
além de vestidos e produtos
de beleza.
Ela não revela sua identidade masculina, perdida na
infância em Nova Londrina,
no Paraná, nem revela se
operou os órgãos genitais.
"Até minha avó, de 72 anos,
me chama de Cris."
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