São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2007

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Brasileira vence concurso de Miss Transexual Internacional em Madri

RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL

Nascida em Presidente Prudente e criada no interior do Paraná, a cabeleireira Cristini Couto, 23, foi coroada Miss Transexual Internacional, em Madri, na Espanha, na noite de terça-feira.
Apesar da torcida organizada pela candidata da Venezuela, desta vez não houve Miss Japão vencendo na última hora, como no passado Miss Universo. O Brasil tinha três candidatas entre as dez finalistas, a maior representação no concurso.
"Estava supernervosa, tremia. Não usei vestido exagerado como as drags. Estava de mulher elegante, como sou", disse Cristini à Folha.
Em um momento mais caliente, porém, ela tirou as plumas, "bem simplezinhas", e mostrou os seios. "A platéia foi à loucura", conta.
Desde os 14 anos, Cristini é cabeleireira, como a mãe. Mudou-se para Madri há quatro anos, onde vive do salário de 1.500 mensais em um salão de beleza e ainda ganha até 200 por show em várias discotecas locais.
Sonha em ser "uma diva, como modelo em capas de revistas". Não pretende voltar ao Brasil. "Na Espanha não escuto piadinhas. As trans não precisam se prostituir pra viver aqui", conta.
"No Brasil, ninguém luta pelos seus direitos." Ela mora com o namorado Juan, 21, que é de Goiânia e trabalha na construção em Madri.

Lei para ser mulher
Graças a uma lei aprovada em março, os transexuais espanhóis podem mudar seu registro civil, adotando nome feminino e virando mulher perante a lei, sem exigir cirurgia de mudança de sexo.
Isso faz que Cristini já pense no próximo degrau da nova carreira. "Quero ser Miss Espanha e, depois, Miss Universo."
A primeira edição do concurso coincide com a realização do EuroPride, festival que pretende reunir 2,5 milhões de gays de toda a Europa na capital espanhola nesta semana.
Cerca de 1.500 pessoas assistiram ao Miss Trans, com shows da transexual israelense Dana Internacional e da espanhola Alaska, ex-musa de Pedro Almodóvar. A mãe da vencedora viajou à Espanha para apoiá-la.
O colombiano Pedro Ruiz, que criou o prêmio, tem uma agência de modelos. O prêmio para Cristini foi um cruzeiro pelo Mediterrâneo, além de vestidos e produtos de beleza.
Ela não revela sua identidade masculina, perdida na infância em Nova Londrina, no Paraná, nem revela se operou os órgãos genitais. "Até minha avó, de 72 anos, me chama de Cris."


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