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Ministro da Colômbia afirma que debate deve ir além das bases
RAPHAEL GOMIDE
ENVIADO ESPECIAL A CARTAGENA
(COLÔMBIA)
O ministro da Defesa da Colômbia, Gabriel Silva, afirmou
ontem que o país falará do acordo que permite a presença de
militares americanos em bases
colombianas na reunião da
Unasul, mas também sobre "armamentismo, tolerância com o
narcotráfico e presença de grupos armados transnacionais".
"A Colômbia tem absoluto
respeito à soberania dos outros
países e exige o mesmo. Temos
uma oportunidade feliz, porque se pode dividir a posição da
Colômbia em muitos temas,
não apenas o da cooperação internacional, que é muito importante, mas também o do armamentismo, de tolerância
com o narcotráfico e o de presenças de grupos armados
transnacionais. Será uma agenda ampla", disse, após sair de
reunião com a Comissão de Relações Internacionais e Defesa
do Senado, em Cartagena.
É uma resposta ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez,
que nos últimos dias tem atacado e estudado romper relações
com a Colômbia, à qual se referiu como "narcoestado".
Diante da pressão dos países
da região a Colômbia deve
apresentar hoje garantias de
que as bases serão usadas só para o combate interno ao narcotráfico e à guerrilha.
Nesta semana, o ministro da
Defesa do Brasil, Nelson Jobim, e o assessor especial para
assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia,
reuniram-se separadamente
com os ministros da Defesa da
Colômbia e do Equador. Segundo Jobim, a Colômbia se comprometeu a apresentar hoje as
garantias jurídicas na reunião.
Após a reunião com os senadores, Silva afirmou que a doutrina da Colômbia é "muito
simples" e se resume a ter capacidade de dissuasão militar.
"Não investimos bilhões de dólares em equipamentos desnecessários. Somos um país muito pobre, com uma ameaça interna e de crime transnacional,
e essa é a política estratégica."
O ministro voltou a defender
o acordo com os EUA, que, segundo ele, é apenas a ampliação
aprofundada do pacto já vigente, que responsabilizou pelo
êxito no combate ao narcotráfico. "Temos uma cooperação
muito estreita com EUA, México e países da América Central.
Tem sido uma bênção, porque
permitiu passar de zero nos
anos 90 a uma situação de muito êxito no controle do tráfico e
das facções criminosas."
Ao ser indagado por um jornalista, Silva procurou minimizar a importância da presença
americana nas bases e o acordo.
"Qual acordo? Temos acordos
com 45 países", respondeu.
O comandante-geral das
Forças Armadas da Colômbia,
Freddy Padilla, também presente na reunião, disse que o
acordo de uso de bases militares no país por soldados americanos não implica aumento das
tropas dos EUA. Segundo ele,
por causa do avanço da tecnologia, o número até diminuirá.
"O Senado dos EUA autorizou 800 militares e 600 contratados civis, e este número não
se altera. Mas, na Colômbia,
nunca se chegou ao número
máximo. Está em mais ou menos um terço. E há a tendência
a diminuir, porque a cada dia há
mais tecnologia, o que reduz o
número de homens necessários. Teremos melhores recursos, com menos pessoas."
O jornalista RAPHAEL GOMIDE
viajou de Bogotá a Cartagena a convite
do Ministério da Defesa da Colômbia
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