São Paulo, sexta-feira, 28 de agosto de 2009

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Ministro da Colômbia afirma que debate deve ir além das bases

RAPHAEL GOMIDE
ENVIADO ESPECIAL A CARTAGENA (COLÔMBIA)

O ministro da Defesa da Colômbia, Gabriel Silva, afirmou ontem que o país falará do acordo que permite a presença de militares americanos em bases colombianas na reunião da Unasul, mas também sobre "armamentismo, tolerância com o narcotráfico e presença de grupos armados transnacionais". "A Colômbia tem absoluto respeito à soberania dos outros países e exige o mesmo. Temos uma oportunidade feliz, porque se pode dividir a posição da Colômbia em muitos temas, não apenas o da cooperação internacional, que é muito importante, mas também o do armamentismo, de tolerância com o narcotráfico e o de presenças de grupos armados transnacionais. Será uma agenda ampla", disse, após sair de reunião com a Comissão de Relações Internacionais e Defesa do Senado, em Cartagena. É uma resposta ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que nos últimos dias tem atacado e estudado romper relações com a Colômbia, à qual se referiu como "narcoestado". Diante da pressão dos países da região a Colômbia deve apresentar hoje garantias de que as bases serão usadas só para o combate interno ao narcotráfico e à guerrilha. Nesta semana, o ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, e o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, reuniram-se separadamente com os ministros da Defesa da Colômbia e do Equador. Segundo Jobim, a Colômbia se comprometeu a apresentar hoje as garantias jurídicas na reunião. Após a reunião com os senadores, Silva afirmou que a doutrina da Colômbia é "muito simples" e se resume a ter capacidade de dissuasão militar. "Não investimos bilhões de dólares em equipamentos desnecessários. Somos um país muito pobre, com uma ameaça interna e de crime transnacional, e essa é a política estratégica." O ministro voltou a defender o acordo com os EUA, que, segundo ele, é apenas a ampliação aprofundada do pacto já vigente, que responsabilizou pelo êxito no combate ao narcotráfico. "Temos uma cooperação muito estreita com EUA, México e países da América Central. Tem sido uma bênção, porque permitiu passar de zero nos anos 90 a uma situação de muito êxito no controle do tráfico e das facções criminosas." Ao ser indagado por um jornalista, Silva procurou minimizar a importância da presença americana nas bases e o acordo. "Qual acordo? Temos acordos com 45 países", respondeu. O comandante-geral das Forças Armadas da Colômbia, Freddy Padilla, também presente na reunião, disse que o acordo de uso de bases militares no país por soldados americanos não implica aumento das tropas dos EUA. Segundo ele, por causa do avanço da tecnologia, o número até diminuirá. "O Senado dos EUA autorizou 800 militares e 600 contratados civis, e este número não se altera. Mas, na Colômbia, nunca se chegou ao número máximo. Está em mais ou menos um terço. E há a tendência a diminuir, porque a cada dia há mais tecnologia, o que reduz o número de homens necessários. Teremos melhores recursos, com menos pessoas."

O jornalista RAPHAEL GOMIDE viajou de Bogotá a Cartagena a convite do Ministério da Defesa da Colômbia



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