São Paulo, Sábado, 28 de Agosto de 1999
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Opositor diz que Chávez quer "exportar a revolução'

da enviada a Caracas

O principal líder do Projeto Venezuela (de oposição), Enrique Salas Romer, anunciou ontem que está retomando a atividade política depois de um jejum de seis meses, desde a posse do presidente Hugo Chávez. Ele foi derrotado por Chávez nas eleições de dezembro.
Numa entrevista à televisão venezuelana, ao vivo, direto do Equador, Salas assumiu um discurso duro e disse que Chávez quer "internacionalizar o processo venezuelano".
"Ele (o presidente) quer exportar a revolução da Venezuela para os países da América Latina, o que é um retrocesso", disse.
Acusou Chávez, ainda, de "promiscuidade com a guerrilha colombiana" e de "criar um Congresso de segunda categoria", "militarizar o governo" e "armar a ditadura de um partido único".
Na opinião de Salas, seu adversário das eleições passadas "não tem autoridade moral para governar a Venezuela, depois de ter tentado um golpe de Estado (em 1992)".
Sua justificativa para ter se afastado temporariamente da política: "Um democrata respeita o presidente eleito, mas, agora que está claro a que ele veio, eu assumo a minha responsabilidade no processo político venezuelano".
Enquanto ele concedia a entrevista, anunciando que embarcaria ontem mesmo de volta a Caracas, manifestantes pró e contra Chávez enfrentavam-se diante do Palácio do Parlamento. A televisão superpôs as duas imagens.
O Projeto Venezuela é um dos três principais partidos de oposição ao presidente Hugo Chávez e à Assembléia Nacional Constituinte. Os outros dois são a AD (Ação Democrática, social-democrata) e o Copei (Comitê Político-Eleitoral Independente, democrata-cristão).
Os três e outros partidos menores não têm nenhum peso na Constituinte, mas são franca maioria no Congresso. Todo o esforço da oposição é justamente para recuperar essa trincheira, drasticamente limitada pelos constituintes.


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