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Governo e oposição
acertam uma trégua
da enviada especial
A Assembléia Constituinte e a
oposição no Congresso fecharam
a tensa semana política na Venezuela com uma trégua acertada
ontem na Conferência Episcopal.
Em nota conjunta, cada parte cedeu um pouco e todos pediram
"tolerância" aos venezuelanos.
A Constituinte admitiu discutir
saídas alternativas e abrir o diálogo com o Congresso, que está praticamente fechado. A oposição
aceitou postergar a realização de
sessões extraordinárias no Congresso enquanto se negocia.
Também foi criada uma comissão mista para acertar uma forma
de convivência entre os dois Poderes Legislativos conflitantes no
país. A Igreja Católica continuará
no papel de mediadora.
Os principais negociadores foram o presidente da Constituinte,
Luis Miquelena, e os presidentes
dos principais partidos de oposição, Copei e Ação Democrática.
O estopim da crise política nesta
semana foi a renúncia da presidente da Corte Suprema de Justiça, Cecilia Sosa, sob o argumento
de que a Corte estava "morta" pela intervenção da constituinte.
Depois disso, o Congresso também tentou reagir, convocando
sessões extraordinárias. A constituinte revidou limitando seus poderes e proibindo reuniões extraordinárias. O resultado foi o
confronto de rua, ontem, na frente do Congresso. Os líderes políticos pararam para pensar.
O presidente Hugo Chávez voltou a fazer um pronunciamento
ao vivo, pela segunda vez nesta semana. Criticou parlamentares de
oposição que forçaram a entrada
no Congresso pela manhã para
tentar realizar a sessão proibida.
"Eles estão politicamente mortos, moralmente mortos, por uma
decisão soberana do povo venezuelano", disse Chávez, classificando as manifestações da manhã
de "provocação".
Bandeira branca
A grande preocupação de ontem, no Executivo, no Legislativo
e no Judiciário, era com a repercussão negativa da crise no plano
internacional. Mergulhada em
grave crise econômica, a Venezuela precisa desesperadamente
de investimentos externos.
O presidente interino da Corte
Suprema, Iván Rincón, substituto
de Cecilia Sosa, convocou entrevista coletiva: "Quero tranquilizar
a opinião pública interna e internacional, pois a Corte está funcionando normalmente. Ninguém
precisa se preocupar".
Até o chanceler José Vicente
Rangel, homem de esquerda e refratário à política norte-americana, assumiu ontem um discurso
contemporizador em resposta às
críticas da Casa Branca. Os EUA
haviam manifestado preocupação com os rumos políticos e criticado a intervenção na Corte.
Rangel respondeu: "Foi uma expressão amistosa. Amigos podem
se dizer coisas assim. Nós mesmos temos dito coisas sobre os
EUA. Considero isso normal e lógico nas relações entre países
amigos". Rangel disse que não
considerava as manifestações como ingerência indevida em assuntos internos, mas defendeu o
processo político venezuelano.
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