São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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Garoto assustado precipitou fim de cerco

DA "REUTERS"

Uma crise nervosa de um garotinho assustado levou os terroristas tchetchenos a abrir fogo no teatro de Moscou onde mantinham centenas de reféns, precipitando a invasão do teatro por forças especiais russas, disse uma sobrevivente do drama.
A jornalista Olga Chernyak, da agência de notícias Interfax, tinha ido ao teatro da rua Melnikova na noite de quarta-feira para assistir a um musical russo popular. Mas, no momento em que o segundo ato começava, um "esquadrão suicida" de cerca de 50 terroristas invadiu o prédio e deu início à mais dramática crise com reféns da história russa moderna.
Chernyak contou que na terceira noite de cativeiro, quando a tensão do prédio aumentava mais e mais à medida que as condições deterioravam, um garotinho sentado num dos assentos do fundo da platéia não aguentou mais. Ele atirou uma garrafa contra os guerrilheiros e correu pelo corredor. "Ele correu em direção à saída, gritando "mamãe, não sei o que fazer". Abriram fogo contra ele, mas erraram o alvo e, em vez dele, atingiram pessoas que estavam sentadas", disse Chernyak à televisão russa na noite de sábado, desde seu leito no hospital.
"Atingiram um sujeito no olho. Havia muito sangue, borbulhava sangue. Uma moça foi atingida no lado do corpo. Então nos disseram: "Não se preocupem, está tudo bem"."
Ao ouvir os disparos, os comandantes das tropas de assalto que cercavam o teatro acharam que os terroristas tinham começado a cumprir a promessa feita algumas horas antes de começar a atirar em reféns se sua exigência de retirada das tropas russas da Tchetchênia fosse ignorada.
Temendo que os sequestradores pudessem detonar explosivos armados no interior do prédio, as forças de segurança bombardearam grandes quantidades de gás no teatro, fazendo com que os terroristas desmaiassem, antes de fazer entrar os esquadrões de forças especiais.
Na confusão que se seguiu, a maioria dos sequestradores foi morta, incluindo o comandante deles, Movsar Barayev. Alguns poucos foram presos para interrogatório.


Tradução de Clara Allain

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