São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007

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ELEIÇÃO NA ARGENTINA / O DIA D

Fragmentada, oposição tenta garantir 2º turno

DE BUENOS AIRES

A oposição argentina ensaiou uma união e não conseguiu; totalmente fragmentada, chega hoje às urnas com a esperança de somar mais de 60% dos votos e forçar o segundo turno.
São 13 os candidatos oposicionistas, mas só dois disputam a segunda posição e a eventual passagem ao segundo turno: Elisa Carrió, à frente nas pesquisas, e Roberto Lavagna.
Carrió concorreu à Casa Rosada em 2003; teve 14% dos votos e acabou em quinto. De lá para cá, moderou o discurso, antes de tom apocalíptico e baseado em denúncias de corrupção, e procurou mostrar que conseguirá garantir a governabilidade. Ex-radical, reservou a peronistas a vaga de chefe-de-gabinete e mais duas pastas de seu eventual governo.
"O lugar de a mais opositora dos opositores já é ocupado por Carrió no imaginário popular. Ao atenuar seu discurso, ela mantém esse capital e soma novos eleitores", diz o analista político Mario Wainfeld.
Mesmo antes das pesquisas confirmarem, Carrió sempre se garantiu como segunda colocada. Tentou polarizar com Cristina até na estética. Bem menos vaidosa que a primeira-dama, garantiu em uma entrevista que jamais usará botox. "Decidi que serei uma velha divina", afirmou Carrió, 50, quatro anos a menos que Cristina.
Lavagna, por sua vez, não conseguiu decolar na campanha. Autodeclarado peronista, conseguiu o apoio oficial da UCR (União Cívica Radical), hoje com pouco poder mas ainda com uma grande estrutura nacional. A mistura, porém, não atraiu o eleitorado de nenhum dos dois partidos.
Sua passagem pelo Ministério da Economia no governo Kirchner e a defesa do atual modelo econômico, com ajustes, tornaram difícil sua identificação como opositor. "Existe uma parcela da população que se opõe ao modelo econômico vigente, incapaz de votar no governo, mas que também não escolhe Lavagna", diz o pesquisador de opinião Artémio López.
O ex-ministro garante que a polarização com Carrió é uma estratégia do governo para enfrentar um adversário mais fraco e que ele estará no segundo turno. (RR)

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