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Maioria no Congresso é trunfo de Mujica
Com vitória legislativa praticamente assegurada no Uruguai, governista associará rival à instabilidade
THIAGO GUIMARÃES
DA REDAÇÃO
Com a manutenção da maioria no Congresso uruguaio pela
governista Frente Ampla (esquerda), o predomínio legislativo será a principal arma do
ex-guerrilheiro José Mujica,
candidato do presidente Tabaré Vázquez, no segundo turno
da eleição presidencial, no fim
do mês que vem.
Para analistas consultados
pela Folha, Mujica, 74, buscará
associar a eventual gestão do
rival e ex-presidente Luis Alberto Lacalle (1990-1995), do
Partido Nacional (centro-direita), a um quadro de instabilidade, pela falta de maioria parlamentar da sigla opositora.
No último domingo, Mujica
venceu o primeiro turno das
eleições com 48,16% dos votos,
contra 28,94% de Lacalle. A
Frente Ampla conseguiu 50
dos 99 deputados e 16 dos 30
senadores, resultado que ainda
será confirmado após o cômputo de quem votou fora de
suas seções eleitorais.
Mas como os chamados "votos observados" tendem a confirmar a votação geral, não devem alterar a vitória da Frente
Ampla no Congresso. "Mujica
dirá que uma gestão Lacalle será débil, sem governabilidade",
diz Daniel Chasquetti, da Universidade da República.
Já Lacalle, 68, membro da
elite política uruguaia, procurará personalizar a campanha,
contrapondo sua experiência
como presidente a um suposto
despreparo de Mujica, um ex-radical que vive até hoje como
pequeno fazendeiro. "O Partido Nacional vai fugir do confronto partidário", afirma Juan
Doyenart, da Interconsult.
Mesmo com maioria governista, o Congresso sob Vázquez
(2005-2009) modificou 30%
das leis enviadas pelo Executivo, contra um índice de 12% no
período 1995-2004, com governos do Partido Colorado. Para
Chasquetti, isso mostra que a
busca de acordos dentro da
própria Frente Ampla foi mais
custosa do que no passado.
No pleito de 29 de novembro, Mujica e Lacalle também
confrontarão posições sobre
temas regionais. Embora ambos defendam a permanência
uruguaia no Mercosul, o opositor quer mais liberdade para
negociar acordos fora do bloco.
"Lacalle não quer avançar na
institucionalização do Mercosul. Não acredita, por exemplo,
no Parlamento do bloco. Já
Mujica crê que esse é o caminho, aproximando-se da posição brasileira", diz Chasquetti.
Para Gerardo Caetano, da
Universidade da República,
Mujica buscará ainda reforçar
a ideia de continuidade com a
gestão Vázquez, aprovada por
60% dos uruguaios.
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