São Paulo, quarta-feira, 28 de outubro de 2009

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Maioria no Congresso é trunfo de Mujica

Com vitória legislativa praticamente assegurada no Uruguai, governista associará rival à instabilidade

THIAGO GUIMARÃES
DA REDAÇÃO

Com a manutenção da maioria no Congresso uruguaio pela governista Frente Ampla (esquerda), o predomínio legislativo será a principal arma do ex-guerrilheiro José Mujica, candidato do presidente Tabaré Vázquez, no segundo turno da eleição presidencial, no fim do mês que vem.
Para analistas consultados pela Folha, Mujica, 74, buscará associar a eventual gestão do rival e ex-presidente Luis Alberto Lacalle (1990-1995), do Partido Nacional (centro-direita), a um quadro de instabilidade, pela falta de maioria parlamentar da sigla opositora.
No último domingo, Mujica venceu o primeiro turno das eleições com 48,16% dos votos, contra 28,94% de Lacalle. A Frente Ampla conseguiu 50 dos 99 deputados e 16 dos 30 senadores, resultado que ainda será confirmado após o cômputo de quem votou fora de suas seções eleitorais.
Mas como os chamados "votos observados" tendem a confirmar a votação geral, não devem alterar a vitória da Frente Ampla no Congresso. "Mujica dirá que uma gestão Lacalle será débil, sem governabilidade", diz Daniel Chasquetti, da Universidade da República.
Já Lacalle, 68, membro da elite política uruguaia, procurará personalizar a campanha, contrapondo sua experiência como presidente a um suposto despreparo de Mujica, um ex-radical que vive até hoje como pequeno fazendeiro. "O Partido Nacional vai fugir do confronto partidário", afirma Juan Doyenart, da Interconsult.
Mesmo com maioria governista, o Congresso sob Vázquez (2005-2009) modificou 30% das leis enviadas pelo Executivo, contra um índice de 12% no período 1995-2004, com governos do Partido Colorado. Para Chasquetti, isso mostra que a busca de acordos dentro da própria Frente Ampla foi mais custosa do que no passado.
No pleito de 29 de novembro, Mujica e Lacalle também confrontarão posições sobre temas regionais. Embora ambos defendam a permanência uruguaia no Mercosul, o opositor quer mais liberdade para negociar acordos fora do bloco.
"Lacalle não quer avançar na institucionalização do Mercosul. Não acredita, por exemplo, no Parlamento do bloco. Já Mujica crê que esse é o caminho, aproximando-se da posição brasileira", diz Chasquetti.
Para Gerardo Caetano, da Universidade da República, Mujica buscará ainda reforçar a ideia de continuidade com a gestão Vázquez, aprovada por 60% dos uruguaios.


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