São Paulo, quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Moçambique realiza 4ª eleição pós-guerra civil sob continuísmo

País, considerado exemplo regional de estabilidade, deve reconduzir ao cargo atual presidente, Guebuza

DA REDAÇÃO

Os moçambicanos vão às urnas hoje na quarta eleição presidencial desde o fim da guerra civil, em 1992, com expectativa de reeleição do atual presidente, Armando Guebuza, da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) -a ex-guerrilha marxista desde 1975 no poder.
O contexto da eleição é o da ainda incipiente, mas progressiva, recuperação após o sangrento conflito, que custou a vida de estimado 1 milhão de moçambicanos em quase 17 anos.
Na cédula, os 10 milhões de eleitores, de uma jovem população de cerca de 23 milhões, deverão escolher entre Alfredo Dhlakama -líder da Renamo (a Renovação Nacional Moçambicana, ex-guerrilha financiada pelo regime do apartheid sul-africano)-, Daviz Simango -dissidente da Renamo- e o atual presidente.
Embora não haja números confiáveis, espera-se que Guebuza obtenha entre 60% e dois terços dos votos, o que lhe daria maioria para aprovar emendas constitucionais sem a oposição.
Guebuza se elegeu em 2004 para suceder Joaquim Chissano, que chegara ao poder em 1986, ainda sob guerra, e vencera as duas primeiras eleições democráticas. Se reconduzido ao cargo, o presidente não poderá mais concorrer -reforma na Carta impôs limite em 2004.
Dhlakama, que lidera a Renamo desde 1979, concorre pela quarta -e última, garante- vez ao cargo. Há cinco anos, o opositor obteve apenas 32%, mas na reeleição de Chissano chegou a amealhar 48% dos votos.
Prefeito de Beira, a segunda principal cidade moçambicana, e com o slogan "Moçambique para todos", Simango prega a renovação política e a superação da polarização entre os remanescentes do pós-independência de Portugal, em 1975.
Para a oposição, o favoritismo de Guebuza é fruto do domínio da máquina do Estado consolidado durante 30 anos. Para o governo, decorre dos reais avanços recentes do país.
Embora ainda um dos países mais pobres do mundo, Moçambique é considerado um exemplo de estabilidade política e recuperação econômica na África meridional. Na última década, o país alcançou taxas de crescimento de até 10% do PIB.
Mas, no front político, a campanha foi marcada por acusações de aparelhamento da Justiça, que vetou candidatos provinciais do partido de Simango, o MDM (Movimento Democrático de Moçambique), o que deverá prejudicar sua votação.

Com agências internacionais



Texto Anterior: Israel priva palestinos de água, diz Anistia
Próximo Texto: Tensão nuclear: Irã pedirá mudanças em acordo de enriquecimento de urânio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.