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POLÍTICA EXTERNA
Pré-candidato republicano apresenta sua visão do mundo
Para Bush, China e Rússia
são competidores dos EUA
MARCIO AITH
de Washington
George W. Bush, governador
republicano do Texas e pré-candidato favorito à Presidência norte-americana, segundo as pesquisas de intenção de voto, defendeu
a reformulação da política externa de seu país ao propor que China e Rússia passem a ser tratados
como "competidores" e prometer
que irá financiar a instalação de
defesas antimísseis nos países
aliados dos EUA na Ásia.
Num discurso realizado na Biblioteca Presidencial Ronald Reagan, na Califórnia, Bush falou pela
primeira vez sobre relações internacionais e deu o nome de "internacionalismo norte-americano" a
sua concepção de política externa,
um conjunto de propostas que,
segundo analistas, está cheio de
contradições mas é bem escrito.
Segundo o discurso lido por
Bush, essa concepção se resume a
um combate feroz a tendências de
isolamento e de protecionismo
que existem dentro dos EUA.
Essas tendências seriam resultado da idéia de que o país transformou-se na única grande potência
no mundo. "Devemos combater
o isolamento para evitar que o vácuo deixado por uma eventual retirada norte-americana do mundo estimule desafios ao nosso poder", leu Bush.
O candidato defendeu ainda
brevemente em seu discurso o livre comércio nas Américas e colocou condições para que os EUA
paguem sua dívida financeira
com a ONU (Organizações das
Nações Unidas).
Vexame
O discurso foi preparado durante quase dois meses por assessores do candidato republicano. E
lido por ele duas semanas depois
de ter sofrido um vexame, quando, "emboscado" durante uma
entrevista a uma rede de televisão,
não soube dizer o nome de líderes
de dois países e de um território
(Índia, Paquistão e Tchetchênia)
que estiveram no centro das atenções mundiais nos últimos meses.
O vexame na TV havia reforçado as dúvidas sobre a capacidade
de Bush de liderar os EUA no cenário internacional e o transformou em personagem de piadas
em programas de TV e rádio.
Filho do ex-presidente George
Bush (1989-1992), que também
foi embaixador dos EUA em Pequim, o governador do Texas
apostou no discurso para mudar
essa imagem de leigo.
Segundo vários analistas, Bush
conseguiu bons resultados, ao
menos com as pessoas que acreditaram que ele teve alguma participação em sua redação.
O termo "internacionalismo"
foi visto como uma boa opção de
resposta às acusações do presidente Bill Clinton de que o Partido Republicano tem ameaçado
jogar os EUA num período de isolamento do mundo.
Essas acusações vieram após a
liderança republicana no Senado
norte-americano ter rejeitado, em
outubro passado, proposta de ratificação do Tratado de Proibição
Total de Testes Nucleares.
A rejeição do tratado, principal
pilar da política externa de Clinton para a não-proliferação nuclear, havia provocado protestos
de governos pelo mundo.
Bush disse ser contrário ao isolamento dos EUA e, como Clinton, disse que Washington tem a
obrigação de pacificar o mundo.
Mas manteve-se fiel ao seu partido ao concordar com a rejeição
do tratado, numa primeira contradição em seu discurso.
Segundo Bush, o tratado "não
impede a proliferação, principalmente em se tratando de regimes
renegados. Não é verificável nem
factível".
China e intervenção militar
O presidente Clinton reagiu ao
trecho do discurso de Bush em
que ele diz ser um problema caracterizar países como competidores "se isso significa dizer que
nós sabemos com certeza que,
nos próximos 20 anos, haverá
uma relação de adversário com
esses países". Clinton disse que é
possível ter uma relação de parceria e de competição ao mesmo
tempo.
Desde que assumiu, Clinton
aproximou-se da China comercial e politicamente, qualificando
a relação entre os dois países de
"parceria estratégica". Essa política causou tensões com o Japão, rival da China e aliado de décadas
dos EUA.
Bush disse que a China não é
parceira estratégica dos EUA, mas
competidora, e afirmou que, se
eleito, não cometerá o "erro" de
Clinton de viajar para a China
sem passar pelo Japão, referindo-se à visita presidencial de Clinton
a Pequim no ano passado.
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