do enviado especial

Tabaré Vázquez, 59, foi o primeiro político da esquerda uruguaia a ocupar um posto dirigente importante no país, governando a capital, Montevidéu, de 1990 a 1995.
Médico oncologista, seus modos doutorais ajudaram a tornar mais palatável sua coalizão de esquerda, a Frente Ampla, aos conservadores eleitores uruguaios, que sempre preferiram votar nos partidos tradicionais, o Colorado e o Nacional (blanco).
O governo Vázquez em Montevidéu, e o de seu sucessor, também da Frente Ampla, sinalizam que ele está longe de ser o revolucionário marxista pintado por seus adversários conservadores.
Vázquez aumentou os gastos sociais do governo de Montevidéu, mas também reduziu a folha de pagamento, vendeu empresas estatais da cidade e terceirizou alguns serviços.
Por isso, o socialismo de Vázquez tem o selo da moderação uruguaia. Ele não segue nenhuma religião e se diz marxista. Mas vê o marxismo apenas como uma "ferramenta" para compreender a realidade, não uma doutrina ideológica rígida.
Sua escolha pela oncologia tem motivos pessoais. Seu pai e seu irmão morreram de câncer. Apesar da política, ele nunca deixou de exercer a medicina, e tem uma das clínicas mais renomadas do país.
Ele entrou para o Partido Socialista (membro da coalizão Frente Ampla) em 1971 e foi cassado pelo regime militar (1973-85).
Sua candidatura ao governo de Montevidéu ocorreu quase por acaso, após o atual governante da capital, Mariano Arana, ter recusado a candidatura pela Frente Ampla e ter indicado Vázquez em seu lugar. Até então, era um político de pouco destaque nacional, mas acabou vencendo a eleição.
Nascido no bairro operário de La Teja, em Montevidéu, por anos manteve ali uma clínica médica que atendia os moradores de graça. Foi também dirigente do clube de futebol Progreso, em La Teja, hoje na segunda divisão.
Casado com Maria Auxiliadora Delgado, tem quatro filhos (um deles adotado). (SM)


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