UOL


São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IRAQUE OCUPADO

EUA estariam dispostos a alterar plano de transferência de poder por conta de exigência de líder religioso

Pressão dos xiitas deve mudar transição

Sargento Jeffrey A. Wolfe/Associated Press
Na periferia de Kirkuk (norte), o oficial americano Michael Squillin observa o que restou de uma suposta base inimiga após ataque


DA REDAÇÃO

O presidente do Conselho de Governo Iraquiano, Jalal Talabani, anunciou ontem que um plano de transferência de poder já aprovado por Washington será modificado após sofrer críticas do principal líder xiita do país.
Talabani, que ocupa a presidência rotativa do conselho até o fim deste mês, se reuniu com o aiatolá Ali al Sistani para debater as mudanças. Na véspera, o aiatolá dissera que o plano dava muito pouca atenção ao islã e deveria ser conduzido com instituições eleitas por voto direto, não por meios indiretos, como previsto. Os xiitas são cerca de 60% da população.
"O acordo continua existindo, mas terá um apêndice com outros textos. O novo acordo ainda está sendo trabalhado", disse.
A aprovação de Al Sistani é considerada crucial para que o plano seja aceito pela população. Ele prevê a eleição indireta, por líderes regionais (políticas e civis), de uma Assembléia Nacional, em maio de 2004, que escolherá um governo transitório e supervisionará a elaboração de uma Constituição. O governo provisório tomará posse em 1º de julho. Depois disso, a Assembléia Nacional trabalhará na elaboração de uma Constituição para a promoção de eleições diretas no fim de 2005.
Segundo Talabani, o aiatolá expressou reserva em relação à escolha dos líderes regionais, feita de modo não-democrático, e pede que o islã tenha um papel preponderante na Constituição. "Ele pediu que os aliados [a coalizão] cumpram as promessas feitas aos iraquianos, pois acredita, com razão, que isso seja democracia."
Al Sistani não aprova a ocupação, mas também não se opõe abertamente a ela, como faz a maior parte dos clérigos xiitas, perseguidos durante o regime do sunita Saddam Hussein. "Haverá um apêndice dizendo que o islã é a religião da maioria, que deve ser respeitado e considerado a maior base para a Carta", disse Talabani.

Com agências internacionais

Texto Anterior: Análise: Viagem busca calar críticos e conquistar eleitores, diz analista
Próximo Texto: Ex-general do Iraque morre em interrogatório
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.