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Visados, estrangeiros vivem pânico em cidade indiana
Polícia orientou turistas, incluindo dois brasileiros, a não saírem de seus hotéis
Consulado diz que todos os brasileiros que vivem em Mumbai estão bem e não há registros de feridos; líderes mundiais condenam ataque
DA REDAÇÃO
A notícia de que estrangeiros
eram os alvos preferenciais dos
terroristas em Mumbai, confirmada pelas próprias testemunhas da tragédia, gerou medo
entre os visitantes da cidade indiana. Um deles é o gaúcho
Marcos Aiub de Mello, 41, engenheiro da Petrobras que está
em viagem de trabalho à cidade, hospedado em um hotel que
não foi atingido pelos ataques.
Ele relatou a sua família a dificuldade em deixar Mumbai.
"Por ser turista, Marcos foi
orientado pela polícia indiana a
não sair do hotel", disse à Folha
Marcelo Aiub de Mello, irmão
do engenheiro.
A família Aiub só recebeu notícias de Marcos na manhã de
ontem. O engenheiro -que está acompanhado de outro funcionário da Petrobras- disse
que não presenciou nenhum
dos ataques, só os escutou do
seu hotel. Seu vôo foi cancelado, e ele cogitou ir ao aeroporto
para trocar sua passagem, mas
desistiu ao saber que o local estava abarrotado de turistas
tentando embarcar, muitas vezes sem sucesso. A assessoria
de imprensa da Petrobras informou que os brasileiros devem voltar para casa no sábado.
O consulado do Brasil em
Mumbai disse ontem à Folha
que os cerca de 70 brasileiros
registrados como residentes na
cidade foram localizados por
telefone. Todos estão bem e
nenhum foi vítima dos atentados, segundo o vice-cônsul
Chateaubriand Chapot Neto,
que disse ainda ter recebido ligações de turistas tentando informar suas famílias no Brasil
que estavam a salvo.
Alvos estrangeiros
Até ontem, havia pelo menos
quatro australianos, um britânico de origem cipriota, um japonês, um italiano e um alemão
entre os mortos na tragédia.
Um grupo de pelo menos dez
judeus, incluindo um rabino,
foi tomado refém na sede de
sua organização ultra-ortodoxa
em Mumbai.
Também há registro de muitos estrangeiros entre as dezenas de reféns feitas nos hotéis
Oberoi e Taj Mahal. Representantes do Canadá, da França e
de Israel confirmaram que cidadãos de seus países estiveram capturados, entre eles 15
funcionários da Air France.
A atriz australiana Brooke
Satchwell, que estava hospedada no Taj Mahal, disse que só se
salvou porque se escondeu no
armário de um dos banheiros
do hotel. "As pessoas estavam
levando tiros no corredor, havia corpos pelas escadas. Era o
caos total", relatou.
Reações
A série de atentados foi condenada por líderes do mundo
todo -o Brasil o fez anteontem.
O presidente eleito dos EUA,
Barack Obama, que na véspera
manifestara seu repúdio aos
ataques em nota, telefonou ontem para a secretária de Estado, Condoleezza Rice, para se
manter informado sobre o tema. A equipe de transição disse
que Obama quer que os EUA
reforcem sua cooperação antiterrorismo com a Índia. Os
EUA enviaram uma equipe do
FBI a Mumbai para ajudar na
resolução da crise.
Ontem, o secretário-geral da
ONU, Ban Ki-moon, qualificou
a violência na Índia de "inaceitável" e disse que "nenhuma
causa ou queixa justifica o ataque indiscriminado contra civis". O papa Bento 16, o presidente francês, Nicolas Sarkozy,
o primeiro-ministro chinês,
Wen Jiabao, o presidente russo, Dmitri Medvedev, e a chanceler alemã, Angela Merkel,
também divulgaram comunicados de repúdio aos atentados.
O governo sueco informou
que tem um avião-ambulância
preparado para ser enviado a
Mumbai para retirar os cidadãos da União Européia.
Com agências internacionais
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