São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2008

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Visados, estrangeiros vivem pânico em cidade indiana

Polícia orientou turistas, incluindo dois brasileiros, a não saírem de seus hotéis

Consulado diz que todos os brasileiros que vivem em Mumbai estão bem e não há registros de feridos; líderes mundiais condenam ataque

DA REDAÇÃO

A notícia de que estrangeiros eram os alvos preferenciais dos terroristas em Mumbai, confirmada pelas próprias testemunhas da tragédia, gerou medo entre os visitantes da cidade indiana. Um deles é o gaúcho Marcos Aiub de Mello, 41, engenheiro da Petrobras que está em viagem de trabalho à cidade, hospedado em um hotel que não foi atingido pelos ataques.
Ele relatou a sua família a dificuldade em deixar Mumbai.
"Por ser turista, Marcos foi orientado pela polícia indiana a não sair do hotel", disse à Folha Marcelo Aiub de Mello, irmão do engenheiro.
A família Aiub só recebeu notícias de Marcos na manhã de ontem. O engenheiro -que está acompanhado de outro funcionário da Petrobras- disse que não presenciou nenhum dos ataques, só os escutou do seu hotel. Seu vôo foi cancelado, e ele cogitou ir ao aeroporto para trocar sua passagem, mas desistiu ao saber que o local estava abarrotado de turistas tentando embarcar, muitas vezes sem sucesso. A assessoria de imprensa da Petrobras informou que os brasileiros devem voltar para casa no sábado.
O consulado do Brasil em Mumbai disse ontem à Folha que os cerca de 70 brasileiros registrados como residentes na cidade foram localizados por telefone. Todos estão bem e nenhum foi vítima dos atentados, segundo o vice-cônsul Chateaubriand Chapot Neto, que disse ainda ter recebido ligações de turistas tentando informar suas famílias no Brasil que estavam a salvo.

Alvos estrangeiros
Até ontem, havia pelo menos quatro australianos, um britânico de origem cipriota, um japonês, um italiano e um alemão entre os mortos na tragédia. Um grupo de pelo menos dez judeus, incluindo um rabino, foi tomado refém na sede de sua organização ultra-ortodoxa em Mumbai.
Também há registro de muitos estrangeiros entre as dezenas de reféns feitas nos hotéis Oberoi e Taj Mahal. Representantes do Canadá, da França e de Israel confirmaram que cidadãos de seus países estiveram capturados, entre eles 15 funcionários da Air France.
A atriz australiana Brooke Satchwell, que estava hospedada no Taj Mahal, disse que só se salvou porque se escondeu no armário de um dos banheiros do hotel. "As pessoas estavam levando tiros no corredor, havia corpos pelas escadas. Era o caos total", relatou.

Reações
A série de atentados foi condenada por líderes do mundo todo -o Brasil o fez anteontem.
O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, que na véspera manifestara seu repúdio aos ataques em nota, telefonou ontem para a secretária de Estado, Condoleezza Rice, para se manter informado sobre o tema. A equipe de transição disse que Obama quer que os EUA reforcem sua cooperação antiterrorismo com a Índia. Os EUA enviaram uma equipe do FBI a Mumbai para ajudar na resolução da crise.
Ontem, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, qualificou a violência na Índia de "inaceitável" e disse que "nenhuma causa ou queixa justifica o ataque indiscriminado contra civis". O papa Bento 16, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, o presidente russo, Dmitri Medvedev, e a chanceler alemã, Angela Merkel, também divulgaram comunicados de repúdio aos atentados.
O governo sueco informou que tem um avião-ambulância preparado para ser enviado a Mumbai para retirar os cidadãos da União Européia.


Com agências internacionais


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