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Muçulmanos formam minoria de 154 milhões
DA REDAÇÃO
Rivais históricos da majoritária parcela da população,
de religião hindu, e maior
minoria do país, os muçulmanos representam apenas
13,4% dos indianos. Mas isso
significa mais de 154 milhões
de pessoas, ou 83,7% da população brasileira em 2007.
A fratura entre os grupos,
refletida, por exemplo, na
reivindicação de um dos supostos envolvidos na ação
que deixou ao menos 125
mortos em Mumbai nos últimos dois dias -que cobrou
"o fim da injustiça contra os
muçulmanos na Índia"- teve mais de um episódio na cidade mais populosa do país
ao longo da história.
Antes mesmo de povos
ocidentais dominarem a região, cedida em 1534 aos portugueses que a batizaram de
"Bom Baía" -nome depois
transformado em Bombay
pelos ingleses-, hindus e
muçulmanos combateram.
No século 14, islâmicos
conquistaram as sete ilhas
em que a cidade hoje se espalha, encerrando o domínio
de dinastias hindus estabelecidas lá desde o século 6º a.C.
Além da disputa por território, o sistema de castas
hindu teve seu papel em jogar um grupo contra o outro.
Conversões de intocáveis
(a casta mais baixa, cuja função basicamente era limpar
dejetos de integrantes de
castas mais altas, normalmente de origem ariana e pele mais clara) ao islamismo
revoltavam hindus, em choques que apelavam até para a
cor da pele. Em sânscrito
clássico, "varna", termo
usualmente empregado como sinônimo de casta, significa, literalmente, "cor".
Sob jugo britânico, as tensões entre os grupos ficaram
congeladas. Em 1885, quando foi fundado, em Bombaim, o Congresso Nacional
Indiano -embrião do Partido do Congresso, até hoje hegemônico na política do
país- o grupo tinha em suas
filas membros muçulmanos,
entre eles, Muhammad Ali
Jinnah, o "pai" do Paquistão.
Nos anos 40, fase final do
período colonial, quando o
movimento "Quit India",
lançado em Bombaim pelo
mahatma Gandhi pelo fim do
domínio britânico caminhava inexoravelmente para a
vitória, hindus e muçulmanos discordavam sobre a organização do novo Estado.
Embora Gandhi defendesse um país unificado e aceitasse até ceder o governo a
Jinah e outros integrantes de
sua Liga Muçulmana, o Partido do Congresso bateu o pé.
A solução então foi a partilha da Índia entre um Estado
hindu e outro muçulmano (o
Paquistão, que à época englobava também o atual território de Bangladesh), motivando migrações forçadas de
pessoas que acabaram minoritárias em seus novos países, num movimento que
agravou o sectarismo.
Isso foi refletido até na
mudança do nome da cidade,
em 1996, de Bombaim para
Mumbai -termo em marathi, idioma dos hindus nativos da região.
A alteração veio como corolário à eleição de um partido nacionalista hindu de direita, o Shiv Sena, que assumiu o controle da cidade em
eleição em 1985 e promoveu
políticas discriminatórias
contra os muçulmanos.
Em 1993, depois da destruição de uma mesquita na
cidade de Ayodhia (no Estado de Uttar Pradesh, ao norte
do país), a retaliação foi a explosão de uma dúzia de bombas em Mumbai, atentados
que deixaram mais de 300
mortos e danificaram o prédio da Bolsa de Valores.
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