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IRAQUE SOB TUTELA
Clérigo não foi atingido; após ataque, principal representação sunita descarta participação em pleito
Carro-bomba contra líder xiita mata 15
DE NOVA YORK
A pouco mais de um mês das
eleições parlamentares fixadas
pelos EUA no Iraque, um atentado com carro-bomba visou o líder
do maior partido xiita do país, e a
principal representação da minoria sunita anunciou que não participará do pleito.
O atentado de ontem atingiu o
portão da casa do líder do Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque (CSRII), em
Bagdá, matou 15 pessoas e deixou
ao menos 50 feridos, segundo
porta-vozes do partido.
O clérigo Abdul Aziz al Hakim,
que lidera a lista de candidatos da
coalizão encabeçada pelo CSRII,
estava em casa na hora do ataque,
mas nada sofreu.
Os líderes da maioria xiita, que
apóiam as eleições de 30 de janeiro diante da grande possibilidade
de vencerem, têm sido alvo constante de atentados.
Reprimidos durante os 30 anos
do regime deposto, os xiitas perfazem 60% da população do país e
devem passar a dominar a cena
política antes comandada pelos
sunitas.
O filho de Al Hakim, Amar, acusou simpatizantes do ex-ditador
Saddam Hussein de planejarem o
atentado e disse que muitas das
vítimas eram civis que passavam
pela rua no momento da explosão. "Eles são os restos de um regime morto e já executaram ataques parecidos", disse.
Em agosto do ano passado, o irmão de Al Hakim e então líder do
CSRII, aiatolá Mohammed Baqir
al Hakim, foi morto em um atentado semelhante. Opositores do
regime deposto, ambos retornaram de duas décadas de exílio no
Irã após a derrubada de Saddam
pelos EUA, em abril de 2003.
Apesar da presença maciça de
soldados americanos no Iraque
em detrimento do final oficial da
ocupação, a violência no país não
dá sinais de arrefecimento.
Anteontem, um vídeo na internet reivindicava para o grupo
Exército de Ansar al Sunnah um
ataque contra uma base americana em Mossul que matou 22 pessoas na semana passada.
Analistas vêem no problema o
principal obstáculo para a eleição
no país, onde o cenário político já
é conturbado. O primeiro pleito
livre em 45 anos é o ápice da estratégia americana para o Iraque,
que em 19 meses pouco avançou
além da derrubada de Saddam.
Mas o dia foi marcado por um
segundo revés, quando a principal representação sunita anunciou sua retirada da eleição. "A situação de segurança está piorando e precisa ser tratada", disse
Mohsen Abdel Hamid, líder do
Partido Islâmico do Iraque (PII).
O movimento pode solapar ainda mais a credibilidade da votação patrocinada pelos EUA ante a
minoria sunita, que pede o equilíbrio de poder entre as diferentes
facções políticas e religiosas. Em
novembro, grupos sunitas -incluindo o PII- pediram o adiamento do pleito em seis meses,
mas receberam um "não" da Comissão Eleitoral.
"Não estamos pedindo um boicote, mas dissemos antes que só
participaríamos se determinadas
condições fossem cumpridas, e
elas não foram", disse Hamid.
Com agências internacionais
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