São Paulo, segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

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"Marrons" provocaram briga, diz brasileiro agredido na nuca

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

O garimpeiro Fernando Lima, 29, um dos brasileiros agredidos no Suriname, chegou ao aeroporto de Belém (PA) ontem à noite com um corte profundo na nuca. Ele afirmou que, antes de atacar os brasileiros, os descendentes de quilombolas -conhecidos como marrons- já estavam provocando a comunidade chinesa.
"Normalmente, esse pessoal [marrons] dormia cedo, mas como era dia 24, foram dormir mais tarde. E começaram empurrando um chinês", contou.
Lima disse que foi agredido pouco depois de os marrons baterem numa mulher mais velha. Em seguida, ao perceberem que Lima era brasileiro, agrediram-no. Segundo ele, o primeiro tentou acertá-lo com uma pedra. Lima conseguiu desviar, mas logo foi golpeado pelo segundo com um facão, que o acertou na nuca, abrindo um corte de cerca de 20 cm.
Sangrando, o garimpeiro, que estava havia 10 meses no Suriname, correu e se jogou no rio ao lado do local do conflito.
"Tentaram me cercar na água, mas mergulhei e consegui me esconder debaixo d'água." Os marrons ainda tentaram jogar pedras para acertá-lo.
Depois, Lima viu vários brasileiros serem agredidos e roubados pelos marrons.
Foi quando viu que, no rio, havia outros brasileiros tentando fugir. Um estava cercado por marrons e, cada vez que tirava a cabeça da água, recebia golpes de porretes. Lima conta que, logo depois, conseguiu fugir para uma mata ao lado, onde encontrou mais brasileiros em fuga, inclusive uma mulher grávida que diz ter levado um soco.
O grupo entrou para a mata e caminhou durante cerca de quatro horas, até encontrar uma pessoa que tinha um telefone celular. Ele ligou para o táxi, que resgatou os brasileiros horas depois.
Lima foi atendido por médicos de lá, mas não conseguiram fechar o ferimento. Ao chegar a Belém, foi à enfermaria do aeroporto e deve receber pontos para ajudar na cicatrização do ferimento.


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