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"Marrons" provocaram briga, diz brasileiro agredido na nuca
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O garimpeiro Fernando Lima, 29, um dos brasileiros agredidos no Suriname, chegou ao
aeroporto de Belém (PA) ontem à noite com um corte profundo na nuca. Ele afirmou
que, antes de atacar os brasileiros, os descendentes de quilombolas -conhecidos como
marrons- já estavam provocando a comunidade chinesa.
"Normalmente, esse pessoal
[marrons] dormia cedo, mas
como era dia 24, foram dormir
mais tarde. E começaram empurrando um chinês", contou.
Lima disse que foi agredido
pouco depois de os marrons baterem numa mulher mais velha. Em seguida, ao perceberem que Lima era brasileiro,
agrediram-no. Segundo ele, o
primeiro tentou acertá-lo com
uma pedra. Lima conseguiu
desviar, mas logo foi golpeado
pelo segundo com um facão,
que o acertou na nuca, abrindo
um corte de cerca de 20 cm.
Sangrando, o garimpeiro,
que estava havia 10 meses no
Suriname, correu e se jogou no
rio ao lado do local do conflito.
"Tentaram me cercar na
água, mas mergulhei e consegui
me esconder debaixo d'água."
Os marrons ainda tentaram jogar pedras para acertá-lo.
Depois, Lima viu vários brasileiros serem agredidos e roubados pelos marrons.
Foi quando viu que, no rio,
havia outros brasileiros tentando fugir. Um estava cercado por
marrons e, cada vez que tirava a
cabeça da água, recebia golpes
de porretes. Lima conta que, logo depois, conseguiu fugir para
uma mata ao lado, onde encontrou mais brasileiros em fuga,
inclusive uma mulher grávida
que diz ter levado um soco.
O grupo entrou para a mata e
caminhou durante cerca de
quatro horas, até encontrar
uma pessoa que tinha um telefone celular. Ele ligou para o táxi, que resgatou os brasileiros
horas depois.
Lima foi atendido por médicos de lá, mas não conseguiram
fechar o ferimento. Ao chegar a
Belém, foi à enfermaria do aeroporto e deve receber pontos
para ajudar na cicatrização do
ferimento.
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